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terça-feira, 5 de março de 2024

FERJ exige exclusividade e proíbe árbitros de atuarem na várzea carioca

Reunião do DEAF/FERJ - Foto crédito: FERJ

O DEAF - Departamento de Arbitragem de Futebol - da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), comandada por Jorge Fernando Rabello, em comunicado, proibiu os árbitros que fazem parte do quadro estadual, atuarem em qualquer competição que não seja da entidade, especialmente as do futebol amador e da várzea.

O comunicado deixou os árbitros revoltados, pois todos são prestadores de serviços, muitos deles sequer são escalados pela FERJ com regularidade e precisam atuar em outras competições para pagarem suas contas e até mesmo ganharem o sustento da família.

O comunicado foi postado por Roberto Faustino, no grupo de WhatsApp de árbitros - Módulo Profissional -, criado pelo DEAF, que a coluna teve acesso com exclusividade. Também conhecido como Robertinho, Roberto Faustino é aliado de Jorge Rabello de longa data, e atualmente exerce as funções de secretário do departamento de árbitros e analista de arbitragem da FERJ.

“Sou árbitro do quadro estadual da Federação Carioca. Nós árbitros queríamos pedir uma ajuda sua, para tentarmos reverter uma situação muito chata que aconteceu aqui no Rio. O coordenador da arbitragem da FERJ, Sr. Jorge Fernando Rabelo (EX PRESIDIÁRIO), soltou uma nota agora, proibindo os árbitros e árbitros assistentes, de trabalharem em qualquer campeonato que não seja da FERJ. E como todos nós sabemos, muitos ganham mais nas várzeas que na própria federação, até mesmo pelas demandas de jogos. Queremos pedir sua ajuda para postar essa nota, pra ver se ele volta atrás” - disse um árbitro do quadro carioca em mensagem enviada ao Blog ao qual, para evitar retaliações, terá sua identidade preservada.

Print da mensagem obtida com exclusividade do Blog do Marçal

O que eles disseram

O Blog procurou Jorge Fernando Rabello, que oficialmente ocupa o cargo de Coordenador Técnico do DEAF, mas de conhecimento geral que a palavra do dirigente é a ultima quando se trata da arbitragem carioca. Segundo o dirigente, a decisão não é pessoal, é factual e sempre existiram.

“Novidade zero em relação à isso” - disse ele que acrescentou:

“Árbitros do quadro estadual não podem participar de competições não organizadas pela FERJ conforme estabelecido no RGC, RGE e RGA da entidade. Na contra aqueles que decidirem ao contrário, mas para cada escolha existe uma renúncia" - frisou Rabello.

O Blog também procurou Marçal Mendes – Presidente do Sintrace - Sindicato dos Trabalhadores e Colaboradores da Arbitragem Esportiva no Rio de Janeiro -. Segundo Mendes, a mensagem disponibilizada pelo DEAF apenas em grupo fechado de WhatsApp revela a falta de coragem da FERJ para publicar o veto que inclusive carece de norma legal. 

O sindicalista denuncia que os documentos RGC e RGE não estão disponível no site da FERJ.

“É bem nítida a vontade pessoal do responsável pela arbitragem da FERJ em tomar para si a posse do trabalho da categoria. Parece querer os campeonatos apartados daqueles organizados pela FERJ, a título de que? Qual o interesse se não o econômico em escalar árbitros para os campeonatos" – indagou o sindicalista que continuou:

“Tal veto é inconstitucional. É abuso de poder. A conduta abusiva precisa ser investigada pelo MPT – Ministério Público do Trabalho - e as providencias já estão sendo tomadas pelo Sintrace nessa direção” – disse Marçal Mendes.

Marçal Mendes - Sintrace - Foto crédito: Marçal

O sindicalista questiona o local no site onde estão publicados os regulamentos citados por Rabello.

“Outro fato que chama a atenção é onde está publicado o RGA? Tá na gaveta do responsável pelos árbitros?" - diz o sindicato interessado em saber do conteúdo do documento que foi retirado do antigo site da FERJ.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Morte de Marco Martins deixa inúmeros órfãos, inclusive eu

A selfie tirada em sua casa é a que retrata mais fielmente nossa relação de irmãos

Na manhã do ultimo sábado (17), um infarto fulminante tirou a vida do meu grande amigo e irmão Marco Antônio Martins, aos 57 anos de idade. Ironicamente, Martins tinha feito check-up geral da saúde pouco dias atrás sem apresentar qualquer problema além dos normais para a idade.

Marco sentiu dores no peito, foi socorrido pela esposa, mas no caminho para hospital sofreu infarto e veio a óbito. No hospital ainda tentaram reanima-lo, mas as tentativas foram em vão e assim, deixou a esposa, duas filhas e uma legião de pessoas que o amavam.

Marco deixa a esposa (Rosilene), duas filhas (Barbara e Isadora) e inúmeros órfãos, inclusive eu.

Com ele na feira do mês...
Recebi a infeliz noticia no sábado de manhã, pouco depois de sua morte. Estava no município de Rio Formoso, em Pernambuco e decidimos, eu e Salmo Valentim, também amigo pessoal e de longa data de Martins, viajar para o velório. A logística não foi fácil, pois estávamos do outro lado do país e levamos mais de 24 hs, de voo e conexões, para chegar dez minutos antes do enterro. Praticamente não dormimos e não nos alimentamos, mas conseguimos chegar a tempo de prestar nossa ultima homenagem ao nosso amigo-irmão de tantas caminhadas.

Nos últimos 15 anos tive o privilégio de conviver longos períodos ao lado dele, tanto na vida profissional como na pessoal e pude testemunhar seu lado humano, seu caráter, seu profissionalismo, seu comprometimento e a garra com que enfrentou e venceu todas as dificuldades que a vida apresentou.

Líder exemplar, politico nato, conciliador e hábil negociador, combateu o bom combate, ganhou e perdeu batalhas, mas nunca deixou um soldado para trás. 

No churrasco...

Quem era Marco Antônio Martins

Profissional experiente, principalmente como árbitro assistente, Marco Antônio encerrou a sua carreira nos campos em 2011, depois de atuar por 15 anos no quadro da FCF e por 10 anos no quadro da CBF. Durante a carreira, além de atuar como assistente, foi presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Santa Catarina (Sinafesc) e da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF).

Na FCF, assumiu a função de diretor do Departamento de Arbitragem em junho de 2017, cargo que exercia até sua morte. Em 2018 foi eleito vice-presidente da entidade e reeleito em 2022.

Fora da arbitragem era servidor público concursado - técnico-administrativo em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) onde atuava no Centro de Desportos (CDS). Na UFSC iniciou sua trajetória na Prefeitura Universitária, atuou também como secretário e coordenador administrativo no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) e foi diretor administrativo da Secretaria de Esportes.

e com a esposa Rose

Velório

As 18hs do sábado (17) teve início o velório no Cemitério do Itacorubi, em Florianópolis, onde foi sepultado as 11 horas do domingo (18), no jazigo da família.

O velório e sepultamento foi triste, mas emocionante pela pessoa que foi e pelo legado deixado por Martins. Centenas de pessoas compareceram ao velório e ao enterro. Além de parentes, amigos e toda arbitragem local, auditores do TJD/SC, dirigentes da FCF liderados pelo presidente Rubens Angelotti, vários dirigentes e amigos de outros estados estiveram presente. Entre eles Sérgio Corrêa, ex-presidente da comissão nacional de arbitragem da CBF, Salmo Valentim, ex-árbitro e atual presidente da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), Giulliano Bozzano, ex-árbitro aspirante FIFA e atual membro da CNA-CBF, Rafael Bozzano, sub-procurador do STJD, Márcio Coruja, ex-árbitro CBF do RS entre outros.

Eu, que também estive no velório, particularmente perdi não só um amigo, mas um irmão que estava comigo nas horas boas, mas que nunca me abandonou nas ruins e em muitas vezes delas confesso, chateado e bravo comigo.

Tomando café da manhã com elas - Isadora, Rose e Bahhh

Mesma a perda sendo dolorosa, o que fica são os momentos que vivi intensamente ao lado de Marco Martins que muitas vezes foi sim meu provedor, meu conselheiro, que me deu a honra e a confiança para conviver em seu lar com sua linda família, mas ao mesmo tempo me cobrava o tempo todo boas atitudes e bons exemplos como alias, todo bom amigo deve fazer.

Enlutado deixo meu pesar por esta morte precoce à esposa, minha amiga Rose, e a suas duas lindas filhas, Barbara e Isadora, que ele tanto amava.  

Descanse em paz meu irmão.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Assédio sexual e moral, espionagem e armas em eleição: a verdadeira face da CBF

Um Big Brother no escritório do presidente com câmeras espionando funcionários, diretores, gerentes, mídia e treinadores. A pesada presença da polícia armada à vista no dia da eleição para intimidar oponentes políticos. Máfia? Bem vindo à CBF

Ednaldo Rodrigues - Foto crédito: Nayra Halm/Fotoarena

Mais uma acusação contra o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, surge como uma bomba no meio do futebol internacional. De acordo com o jornalista Lucio de Castro, através de sua Agência Sportlight, em parceria com o portal internacional investigativo, “The Inquisitor”, o gestor baiano está envolvido no que talvez seja o maior escândalo já revelado no interior da entidade: espionagem e assédios moral e sexual.

O jornalista revelou as artimanhas de alguns dirigentes da CBF e relatou os bastidores da entidade. 

Veja a matéria na integra abaixo.

Um Big Brother montado na sala do presidente com câmeras espionando funcionários e diretores. Policiais à paisana armados atuando em dia de eleição para intimidar adversários políticos. Parece a crônica de um filme de máfia. Mas não é. São os bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Episódios ocorridos na atual gestão, do presidente Ednaldo Rodrigues. Tudo isso está em registros judiciais, policiais e do comitê de ética da própria CBF. No fim de 2022, boa parte da estrutura e dos funcionários da CBF havia se mudado temporariamente para o Catar, onde seria realizada a Copa do Mundo.

Com a sede da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, praticamente vazia, Haroldo Aguiar, um dos responsáveis pela área de TI, saiu de seu posto de trabalho e deixou a tela do computador aberta na página do WhatsApp.

Ao passar pela mesa, um funcionário do departamento de Infraestrutura e Patrimônio viu três mensagens enviadas em sequência às 13h57 do dia 10 de outubro daquele ano:

"Câmeras escondidas no restaurante".

"Envia para o setor de compras"?

"Boa tarde".

O autor da ordem: Ricardo Lima, presidente da Federação Bahiana de Futebol e concunhado do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

O responsável pelo flagrante entendeu rapidamente a dimensão do que viu e fotografou a tela.

Não havia dúvidas: o presidente da maior entidade do futebol brasileiro, uma das mais importantes instituições do esporte mundial, estava montando um esquema de espionagem de seus funcionários e diretores em plena sede.

Um Watergate moderno, um Big Brother sem consentimento de funcionários.

Dois meses depois da ordem, vieram as férias coletivas na sede da Barra da Tijuca, como todo ano em dezembro, época em que o futebol brasileiro para por um mês. Sem funcionários na CBF, a ordem presidencial para instalação de câmeras de espionagem foi fácil de ser cumprida.

A ideia parecia perfeita: escondidas nos detectores de fumaça do restaurante, com áudio e imagem. As conversas e os segredos de funcionários, dirigentes, visitantes, políticos que ali frequentam, jornalistas, treinadores.

Pouco tempo depois da instalação das câmeras para espionagem, uma obra na sede possibilitou que Luísa Rosa, então diretora de infraestrutura e patrimônio da CBF, e sua equipe, identificassem o aparato: cinco câmeras estrategicamente postas em compartimentos falsos de detectores de fumaça, confirmando a foto do e-mail feita pelo autor do flagrante da ordem de instalação.

Em uma sala de reunião cujo acesso era exclusivo para o presidente e um segurança pessoal, a última surpresa, a cena final: na tela do computador da mesa de Ednaldo Rodrigues, o controle de todas as câmeras.

Muito mais do que isso: o controle de parte das conversas de pessoas chaves do mundo do futebol brasileiro.

Denúncia de assédio na justiça

O inacreditável Big Brother está relatado em um processo em andamento do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que corre em segredo de justiça e ao qual a reportagem teve acesso, protocolado em 21 de dezembro de 2023, por parte da ex-diretora Luísa Rosa.

Luísa Rosa foi diretora de patrimônio da CBF — Foto: Thais Magalhães/CBF

O processo na justiça vai muito além do assédio por espionagem do presidente da CBF. Nela, a executiva pede a condenação da CBF e indenização por assédio moral, sexual e discriminação por gênero.

Na peça judicial, a diretora descreve em detalhes o que passou nos três anos em que trabalhou na entidade, afirmando que a CBF "resolveu envolvê-la em uma jogada de marketing, alçando-a como "a primeira mulher diretora da CBF", mas, como dito a exaustão, não mais se tratou de uma ilusão, a autora era diminuída, objeto de piadas de cunho sexual, chamada para sair por outros integrantes da diretoria...", anexando na peça judicial inúmeras mensagens ilustrando os fatos e afirmando ter sido "vítima de assédio moral e sexual".

O pedido é sustentado principalmente pelos relatos das relações da ex-diretora com três executivos da CBF: o presidente Ednaldo Rodrigues, Rodrigo Paiva (diretor de comunicação) e Arnoldo Nazareth (gerente geral operacional e presidente da federação do Amazonas).

Nos relatos sobre o assédio moral em que denuncia o presidente, descreve que a CBF é um ambiente onde "assediar (independentemente da natureza do assédio) pessoas seria uma regra geral de conduta da CBF comandada por Ednaldo Rodrigues" e que, em sua gestão, o dirigente "instaurou um verdadeiro ambiente de assédio na entidade. Não impressiona, portanto, que mais da metade dos funcionários da CBF teriam medo de retaliações por denúncias".

No processo, a ex-diretora de infraestrutura e patrimônio descreve a atuação do diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, assim:

"O referido diretor sempre se mostrou extremamente solícito e amoroso com a autora, em quem passou a confiar como se de fato fosse um 'amigo', um apoio dentro da empresa em que sofria todo tipo de assédio, ele passou a demonstrar-se sempre preocupado e disponível. Entretanto, a autora encontrava-se tão fragilizada que não percebeu que essa relação também era de assédio, demonstrando-se, pelas trocas de mensagem em anexo, onde sempre era tratada por 'linda', 'anjo', convidada a encontrá-lo em cafés e bares no Leblon (onde ambos residiam), além de reconhecer o ambiente doentio no qual vivia...".

Nas reproduções anexadas, exibe mensagem em que Rodrigo Paiva diz que "você é linda por dentro e por fora". Conta também que ele a enaltecia em mensagens, "enviando notas de elogio e falando mal de colegas e do próprio presidente, aproveitando-se da sua fragilidade".

Em outro momento, relata que o "diretor Rodrigo Paiva, como sempre fazia, sugere um encontro fora da CBF, no Leblon, ela novamente nega, insistindo que quer conversar com ele urgente, mas no local de trabalho ele se diz ocupado".

As reproduções de mensagens trocadas com Rodrigo Paiva ocupam exatas 89 páginas de um total de 475 do processo. Ou seja, 18,74% da peça abordam a atuação do Diretor de Comunicação. Outras citações sobre o executivo, além da reprodução de mensagens, estão espalhadas por mais 7 páginas.

Em uma dessas citações, a executiva cita coação por parte de Rodrigo Paiva. O diretor se mostra preocupado com a possibilidade de ser denunciado de assédio por ela, segundo a autora do processo.

Coação

"...No dia seguinte à justiça decidir-se pelo afastamento do então presidente Ednaldo, o sr Rodrigo Paiva liga para a autora, ciente de todos os seus atos e não mais ocupando um cargo de prestígio que possuía na ré (CBF), questionando se a mesma iria acusá-lo de assédio, mais uma vez tentando coagi-la, em 5 minutos em que falou e pouco ouviu, pois desta feita não surtiu mais qualquer efeito".

Em diversas mensagens de WhatsApp de diálogos com Rodrigo Paiva anexadas ao processo estão repetidos recados em que ele chama a interlocutora de "linda", "anjo", e faz elogios. E diversos convites para encontros. De acordo com a autora, sempre para se encontrarem fora da CBF.

No dia 3 de setembro de de 2022, Rodrigo Paiva se mostra solicito. "Quando estiver chateada, estou aqui".

Já no dia 1 de fevereiro de 2023, quando sugere para que se encontrem. "Vamos nos ver. Longe de lá. Beijos".

Pouco tempo depois, no dia 10 de fevereiro, o diretor de comunicação é mais ostensivo: "Sei que amigo de trabalho não pode falar certas coisas. Mas é coisa boa...Hoje você estava muito elegante e bonita".

Mensagens repetidas, como a de 13 de abril de 2023: "Pensei muito em você ontem". No mesmo dia, ainda envia "Te admiro" e "você é linda por dentro e por fora".

17 de abril de 2023: "Estava pensando em você aqui. Quando a conversa flui fica na nossa cabeça. Sou experiente, inteligente e do bem; além de modesto..KKK. Tudo o que você me falou só serve para nos aproximarmos e nos ajudarmos. Fica tranquila, você confiou na pessoa certa".

18 de abril de 2023: "Beijo. Amanhã te escrevo para saber como está. Linda! Muita paz!".

20 de abril de 2023: "Tá no Leblon ainda"?

25 de abril de 2023: "Você está bem? Não né? Estou preocupado com você. Está difícil. Achei que você ia chorar".

Ainda 25 de abril, Rodrigo Paiva envia um novo "você é linda".

31 de maio de 2023: "vamos conversar no nosso bairro".

Em inúmeras outras mensagens anexadas pela executiva, mostra atenção e elogia diversas vezes:

"Presto atenção em tudo o que você fala".

"Anjo".

"oi linda. Está tudo muito chato, vamos falar depois".

"vamos nos ver no nosso bairro".

"Pensei muito em você ontem. Imaginei como estava. Só bobeira".

Rodrigo Paiva - Imagem: UOL

A ex-diretora da CBF cita também cita Arnoldo Nazareth por assédio. Como no dia 6 de março de 2023, quando o dirigente da Federação do Amazonas envia mensagem dizendo que ela "estava bem linda".

Há o relato também sobre a necessidade de confrontar o gerente em relação a assinaturas de pagamentos para empresas de construção para a obra em andamento na sede por ele indicadas, assim como para pagar o motorista que atendia a ele, pago com verba da CBF.

CRONOLOGIA

Como não concordou em referendar as empresas escolhidas pelo gerente e os pagamentos respectivos, descreve que ela e os funcionários ligados a equipe por ela comandada passaram a sofrer represálias no tratamento.

Um documento público, escondido entre os milhares de registros da polícia militar de Alagoas, estado do nordeste brasileiro, é um ótimo retrato do ambiente em que o futebol brasileiro é comandado e de como os rumos do até aqui futebol mais vitorioso da história das copas do mundo são decididos.

O Boletim Nº 005 de 6 de janeiro de 2023, assinado pelo Coronel Paulo Amorim Feitosa Filho, comandante geral da polícia militar de Alagoas, expõe as vísceras da entidade que comanda o futebol do futebol brasileiro e os homens que estão no poder.

Entre policiais à paisana armados, intimidação e ameaças, o futuro do futebol pentacampeão do mundo é decidido.

Intimidação armada

No dia 23 de março de 2022, dia da Assembleia Geral Eleitoral que se reuniu para eleger o novo presidente da entidade, algumas horas antes do início da votação para presidente da CBF, Gustavo Feijó, ex-prefeito de uma cidade de Alagoas e da federação de futebol do mesmo estado, até aquele momento vice-presidente da CBF, sentou na mesa que estava em cima do palco, exatamente no lugar que era destinado para Ednaldo Rodrigues e avisou que a eleição não seria realizada. Depois de algum tempo, o impasse se resolveu e Ednaldo Rodrigues, até então aliado e agora inimigo, foi eleito, contrariando Feijó, que pretendia impedir o pleito. Estavam presentes todos os presidentes dos 40 clubes das duas principais divisões do futebol brasileiro e os presidentes de federações dos estados.

Provavelmente não viram o que aconteceu nos bastidores.

Através do boletim da polícia militar de Alagoas, é possível entender o tamanho da degradação da entidade.

Instaurado a partir de um relatório interno da CBF, o boletim relata que o vice-presidente Gustavo Feijó compareceu a sede da CBF no dia da eleição acompanhado de seis homens. Dos quais, três eram seguranças e estariam portando armas na assembleia.

Dos três, um era soldado aposentado da polícia militar do estado do Rio de Janeiro, um era bombeiro do corpo de bombeiros do estado de Alagoas e o outro era policial do estado de Alagoas.

Este último foi identificado pela corregedoria da polícia de Alagoas como o primeiro sargento Arnaldo da Silva. A investigação existe porque a polícia de Alagoas procura entender eventuais irregularidades cometidas pelo soldado do seu quadro de funcionários.

De acordo com o corregedor, é preciso apurar a presença e a atitude de intimidação do sargento, o que justificaria a "instauração de processo administrativo disciplinar com vistas a apurar as condutas do acusado, que insistiu em permanecer em recinto de instituição portando, supostamente, arma de fogo, e mesmo após ser convidado a retirar-se não o fez, causando embaraço ao evento, agindo de forma intimidante, utilizando-se da condição de policial militar para subjugar o convite de retirada".

A reportagem tentou contato com Gustavo Feijó mas não conseguiu. No entanto, no inquérito da polícia de Alagoas, ele nega a presença de homens armados. Interrogado como testemunha na peça, o então vice-presidente da CBF confirmou que estava presente na assembleia eleitoral da CBF pelo cargo que ocupava, e que, como tinha em seu poder liminar judicial para suspender a eleição, compareceu. Mas negou a companhia de policiais, afirmando que eram "alguns amigos".

O impasse só se resolveu quando os militares foram abordados por equipe de segurança da CBF. Para não ter que apresentar nomes e o registro das armas, e confirmar a numeração dos armamentos como está no boletim, os policiais se retiraram para a sala do então vice-presidente, o gabinete 302 do prédio da CBF e só assim a eleição se realizou.

Os escândalos da gestão Ednaldo Rodrigues não são fatos isolados. A retrospectiva sobre os últimos presidentes da CBF mostram um problema estrutural da entidade que comanda o futebol brasileiro.

Os sete últimos presidentes da CBF foram protagonistas de escândalos. Desde 1989, com Ricardo Teixeira no comando. O dirigente ficou até 2012, quando alegou questões de saúde para deixar o cargo. Na verdade, estava pressionado por uma série de investigações de corrupção. Em 2015, foi um dos protagonistas do Fifagate, o episódio que abalou o futebol mundial. Em 2019, foi banido do esporte pela Fifa, após o comitê de ética da entidade constatar o recebimento de propina por parte do dirigente.

Foi sucedido por José Maria Marin, de 2012 a 2015, ano em que foi preso na Suíça por envolvimento no Fifagate. Em 2017, Marin foi julgado e considerado culpado em seis de sete acusações envolvendo fraude e lavagem de dinheiro e cumpriu prisão domiciliar nos Estados Unidos até 2020.

Em seu lugar, entrou Marco Polo Del Nero (2015/2017), afastado do cargo pela Fifa em dezembro de 2017, sob denúncias de corrupção da Justiça norte-americana. No ano seguinte, Del Nero foi banido pela Fifa, responsabilizado por suborno, corrupção e outras infrações.

Em 2017, Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes assumiu a CBF de forma interina mas ficou até 2019. O coronel é beneficiário de indenização para anistiados políticos, reparação para aqueles que foram "vítima de ato de exceção de motivação política" nos anos da ditadura militar no Brasil (1964-1985). No entanto, uma reportagem revelou que, na verdade, o benefício é uma fraude, já que o militar não foi vítima de ato de exceção da ditadura e sim comandante de instituições que estiveram envolvidas em atos de tortura de inimigos políticos dos militares.

Em 2019, Rogério Caboclo assumiu e foi até 2021, então afastado do cargo por denúncias de assédio sexual de uma funcionária da CBF. Por ser o mais velho eleitor do colegiado de dirigentes que compõe o colégio eleitoral, o coronel Nunes voltou a assumir de forma interina, ficando até 2021, quando Ednaldo Rodrigues assumiu de forma interina até 23 de março de 2022, data da assembleia eleitoral citada nesta reportagem, quando foi eleito presidente.

Em dia 7 de dezembro de 2023 foi afastado do cargo após suspeitas de irregularidades na eleição em que venceu.

No dia 4 de janeiro último, foi reconduzido ao cargo em decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A decisão ainda será analisada pelo plenário do STF.

Lucio Castro - Imagem: Arquivo pessoal

Outro lado

A reportagem enviou pedido de resposta sobre os temas abordados para a CBF, os dirigentes e também para o diretor de comunicação Rodrigo Paiva.

A CBF enviou a resposta abaixo:

"A arquiteta Luísa Xavier Rosa foi promovida à diretora de Patrimônio e Infraestrutura da CBF em abril de 2022, por mérito, devido ao competente trabalho que vinha executando na gerência do departamento e aos resultados apresentados, bem como ao interesse da colaboradora em ascender na carreira, formalizado pela própria em e-mail enviado à presidência àquela época. Ela permaneceu no cargo até deixar a confederação, em julho passado, e foi bem sucedida nas missões a ela confiadas, essenciais à estrutura de apoio do futebol no país.

A Confederação Brasileira de Futebol possui uma estrutura complexa de administração, cuja gestão é compartilhada por 11 diretorias encarregadas desde a gerência de clubes e dos campeonatos até a estrutura física de suas várias instalações, função esta que era delegada a Luísa.

Assim, as agendas dos gestores com o presidente obedecem a critérios variados, como urgência, disponibilidade e presença do dirigente na sede. Reuniões dinâmicas e compartilhadas com outros diretores não são raras e nem se aplicam exclusivamente a determinado setor. São impositivas para agilizar decisões, otimizar agendas e compartilhar impactos com outros setores eventualmente afetados. No mais, comunicações por e-mail, telefone ou WhatsApp sempre foram prontamente atendidas pelo presidente.

Sobre as denúncias em tela, importante esclarecer que Luísa Xavier Rosa apresentou queixa à Comissão de Ética do Futebol Brasileiro e à Diretoria de Governança e Conformidade da CBF em maio de 2023, relatando que o então gerente de manutenção, Arnoldo Nazareth, estaria interferindo no processo de contratação de uma empreiteira, função que seria exclusiva ao seu cargo. A denúncia foi prontamente acolhida pela diretoria e, apenas dois dias depois, a diretora foi formalmente informada que deveria suspender o contrato questionado e escolher outra empresa para concluir os trabalhos, e que constituiria um procedimento interno para apurar suas alegações.

A investigação, conduzida pelo Conselho de Governança Corporativa da entidade, seguiu critérios rígidos de ética e diligência e concluiu, conforme registra o relatório final, que as denúncias não tinham respaldo em documentos ou nos relatos de testemunhas e colegas de trabalho. Note-se que não há, na denúncia em questão, qualquer menção à ocorrência de assédio sexual, sendo sua queixa exclusivamente relacionada à sobreposição de funções.

O processo de desligamento da arquiteta da CBF seguiu procedimento padrão, acompanhado pelo técnico de informática e por uma gestora de Recursos Humanos, que prestou apoio à ex-diretora, inclusive emocional. Luísa teve acesso ao seu computador antes de devolvê-lo e pôde copiar, selecionar e salvar todos os arquivos e documentos que achasse necessários.

Expostos os fatos, vale ressaltar que a CBF repudia veementemente qualquer tipo de assédio moral ou sexual dentro e fora de suas dependências. Desde que assumiu a presidência, em 2021, e diante de um histórico recente de acusações do tipo, Ednaldo Rodrigues tem envidado todos os esforços para colocar a entidade e o futebol brasileiro em linha com as melhores práticas de governança, incluindo equidade, isonomia, integridade e respeito.

Parte desse esforço foi a implementação, no início de 2023, do Programa de Combate e Prevenção à Qualquer Discriminação no Ambiente de Trabalho, com o objetivo de identificar fragilidades, combater comportamentos impróprios e educar para a prevenção de assédios. O programa é desenvolvido por uma empresa profissional terceirizada. Atualmente, a CBF tem 100% da sua equipe treinada a respeito do tema.

A fase atual é a de discussão e implantação de um Código de Ética e Conduta específico para o corpo funcional e de implantação de um canal de denúncia externo, com garantia do anonimato. Segundo o diagnóstico inicial, a CBF tem hoje no seu quadro 52,73% de homem cisgênero e 42,27% de mulher cisgênero, além de 6,82% que se identificam como pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+. O esforço segue no sentido de aproximar ainda mais os indicadores de gênero e proporcionar segurança, conforto e tratamento digno e respeitoso a todos os colaboradores".

Luísa Rosa 

A reportagem enviou pedido de resposta para a ex-diretora de patrimônio e infraestrutura da CBF, Luísa Rosa diretamente e ainda para a advogada que a representa na ação que move contra a CBF, Cyntia Sussekind Rocha, sem resposta.

Gustavo Dantas Feijó 

A reportagem não obteve contato com o ex-vice-presidente da CBF. Em caso de contato, atualizaremos a publicação. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

A banalização e o uso político do escudo FIFA

Na última quarta-feira (3) foi divulgado a lista dos árbitros FIFA para temporada 2024. O que chama atenção é a falta de critérios nas escolhas e meritocracia dos promovidos. Banalizaram o escudo da categoria mais cobiçado do mundo e cada vez mais o fator QI (quem indica) e a influência política vale mais para a promoção que a experiência e a capacidade técnica dentro das quatro linhas.

O resultado não poderia ser outro. Quadro inexpressivo, árbitros sem qualidades técnicas e a maioria incapaz de apitar  grandes jogos, por mais difícil que seja, como exige o escudo de elite e dos dez árbitros do quadro FIFA, dois ou três no máximo são requisitados para jogos internacionais e os demais, muitos deles, sequer são escalados em jogos importantes da Série A do Brasileiro.

No quadro feminino, a situação é ainda pior, muito delas, mesmo com escudo no peito sequer atuaram em uma partida da Série A do Brasileiro. A catarinense Charly Wendy Straud Deretti que entrou no quadro CBF em 2018 e na FIFA em 2020, é uma delas.

Quem sai

No masculino, Wagner do Nascimento Magalhães, do Rio de Janeiro e Sávio Pereira Sampaio, do Distrito Federal, deixam o quadro. Magalhães nunca justificou o escudo internacional e é um daqueles casos que ninguém, que tenha o mínimo de conhecimento de arbitragem, entende sua indicação ao quadro internacional, a não ser por política. O carioca atuou em quatorze partidas da Série A na temporada passada, nenhuma delas clássico ou partida importante da rodada e em boa parte delas, saiu de campo sob críticas.

Magalhães e Sampaio - mais escudo que apito - Foto: CBF

A atuação desastrosa na partida Santos e Coritiba, pela 29ª do brasileiro do ano passado, certamente foi a pá de cal que faltava para sua saída da FIFA. Depois das lambanças cometidas na partida, foi para a geladeira ficando sete rodadas sem ser escalado e quando o castigo acabou, só atuou em mais três jogos, todos eles da Série B. Não fara falta ao quadro FIFA e muito menos se encerrar a carreira.

Já Sávio Pereira Sampaio também não justificou sua promoção no final de 2022. Foi surpresa quando entrou, certamente por indicação política, e também surpresa a saída do quadro, pois mesmo apresentando baixo desempenho nas partidas que atuou, entraria no segundo ano como internacional e mais experiente e ambientado com escudo, poderia até melhorar a performance e se não melhorasse, seria impossível piorar.

Na última temporada Sampaio atuou em vinte partidas da Série A do Brasileiro. Não errou tanto como Magalhães, mas recebeu muitas críticas na maioria das partidas, especialmente no confronto entre Flamengo e Bahia quando foi corrigido pelo VAR diversas vezes.

Quem entra

Nas duas vagas abertas entram os Rodrigos, o Pereira de Pernambuco e o Klein do Rio Grande do Sul. Não tem muito que se falar dos dois a não ser que ambos têm quase que a mesma idade, 36 para o pernambucano e 33 para o gaúcho e currículo bem parecidos que, com certeza, não habilitaria os dois para ostentar um escudo FIFA se a indicação fosse por meritocracia.

Pereira e Klein - Escudo abre portas, mas não apita jogos

Não que os dois não tenham qualidades, mas ainda não foram testados ou possuem experiências o suficiente para ostentarem um escudo tão importante. Os dois estrearam na Série A do Brasileiro em 2022 e coincidentemente as duas partidas terminaram empatadas. Rafael Rodrigo Klein na 30ª rodada, no empate por 1 a 1 entre Athletico Paranaense e Fortaleza e Rodrigo José Pereira de Lima na 37ª rodada, na partida Juventude 2x2 Flamengo.

Agora politicagem pura foi a indicação irregular do baiano Diego Pombo para o VAR na vaga de Rafael Traci, paranaense que mora em Curitiba, mas atua por Santa Catarina. O currículo de Pombo na arbitragem é inexpressivo, mas fora da arbitragem o rapaz é um popstar com direito a participação em reality show e vídeos se masturbando publicados na internet (leia).

Pombo tem muita experiência com vídeos. Não é VAR por acaso - Foto: Bn@ws

Sua indicação é um flagrante desrespeito a circular 1857 da FIFA que diz no item 6 do documento - Condições de nomeação -, na letra G, que ‘para fazer parte do quadro VAR internacional, o indicado deve ter atuado em pelo 15 partidas da Série A do país’. Pombo só atuou em sete (veja doc. abaixo).

Baseado no currículo de quem entre e de quem sai, a promoção de Pombo dá uma dimensão de como é a comissão de arbitragem da CBF. Ou seja, uma verdadeira casa da mãe Joana, que funciona a deus dará e sob ordens dos baianos Ednaldo Rodrigues e Ricardo Lima, presidente da Federação Bahiana de Futebol e braço direito do atual mandatário da CBF. Ednaldo e Ricardo, os mesmos que teriam ordenado a entrada de Luanderson Lima dos Santos no quadro FIFA no ano passado, mesmo ano que estreou na Série A, fizeram de tudo para emplacar Pombo dentro de campo, mas como o galã erótico não teve qualidades técnicas para se firmar, conseguiram arrumar uma vaguinha pra ele no VAR. Luanderson e Pombo, pertencem ao quadro de árbitros da Bahia e são apadrinhados por Ednaldo Rodrigues e Ricardo Lima, ex-presidente e atual presidente da FBF, respectivamente nesta ordem.

Circular FIFA 1857 com critérios para ingresso no quadro VAR

Como informação, enquanto Diego Pombo atuou em sete partidas como VAR na temporada passada, Traci atuou em trinta e três e fica evidente a troca pelo fator política no velho e eficaz ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’.

Também foram promovidos a mato-grossense Fernanda Kruger e a gaúcha Maíra Mastella Moreira, como árbitras assistentes.

A partir deste ano, o Brasil passará a contar com 60 integrantes no quadro FIFA, entre árbitros de futebol, futsal e beach soccer. Serão 17 árbitros de campo, 19 assistentes, 12 árbitros assistentes de vídeo, oito de futsal e quatro de beach soccer.

Confira abaixo a lista completa:

ÁRBITROS

Anderson Daronco

Bráulio Silva Machado

Bruno Arleu de Araújo

Flavio Rodrigues de Souza

Paulo Cesar Zanovelli da Silva

Rafael Rodrigo Klein

Ramon Abatti Abel

Raphael Claus

Rodrigo José Pereira de Lima

Wilton Pereira Sampaio

Andreza Helena Siqueira

Charly Wendy Straud Deretti

Daiane Caroline Muniz dos Santos

Deborah Cecilia Cruz Correia

Edina Alves Batista

Rejane Caetano da Silva

Thayslane de Melo Costa

Árbitros Assistentes

Alex Ang Ribeiro

Bruno Boschilia

Bruno Raphael Pires

Danilo Ricardo Simon Manis

Fabrício Vilarinho da Silva

Guilherme Dias Camilo

Luanderson Lima dos Santos

Nailton Junior Sousa Oliveira

Rafael da Silva Alves

Rodrigo Figueiredo Henrique Correa

Anne Kesy Gomes de Sá

Barbara Roberta da Costa Loiola

Brígida Cirilo Ferreira

Fabrini Bevilaqua Costa

Fernanda Kruger

Fernanda Nandrea Gomes Antunes

Leila Naiara Moreira da Cruz

Maíra Mastella Moreira

Neuza Inês Back

Árbitros Assistentes de Vídeo

Daniel Nobre Bins

Diego Pombo Lopez

Igor Junio Benevenuto de Oliveira

José Cláudio Rocha Filho

Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro

Rodolpho Toski Marques

Rodrigo D’alonso Ferreira

Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral

Rodrigo Nunes de Sá

Wagner Reway

Charly Wendy Straud Deretti

Daiane Caroline Muniz dos Santos

Árbitros de Futsal

Alfredo Carlos Wagner

Felipe de Fabio Ventura

Guilherme Schwinden Gehrke

Ricardo Amaral Messa

Aline Santos Nascimento

Anelize Meire Schulz

Juliana Caroline Angelo

Paula Kamila Silva Cirilo

Árbitros de Beach Soccer

Lucas Estevão

Luciano Andrade

Mayron Frederico Reis Novais

Paula Madeira Liberato

Deixo meus parabéns aos que foram promovidos e desejo boa sorte nessa nova etapa da vida profissional de cada um que, independentemente de meritocracia ou política, certamente é a realização de um sonho e torço para que não se tornem ‘pavões’, pois, com raríssimas exceções, é o que acontece com todo árbitro no primeiro ano de internacional quando a soberba atinge o topo e passam a dar mais atenção ao escudo que as partidas que estão arbitrando. O resultado disso quase que sempre termina em lambanças, pois o escudo abre portas e te leva até dentro de campo, mas não apita a partida pra você.

Também deixo meus parabéns aos que permaneceram no quadro e torço para que tenham resiliência para se adaptarem e resistirem ao sistema que manipula e joga pesado sem dó de ninguém.

Obs. Os comentários acima são direcionados aos profissionais de arbitragem, jamais no campo pessoal ou diretamente a qualquer cidadão ou cidadã que merece respeito.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Escudo FIFA vira moeda de troca na eleição da CBF

Escudo árbitro FIFA - Crédito: divulgação

Que o jogo está pesado na eleição da CBF não é novidade para ninguém que acompanha os bastidores. Novidade no tabuleiro e alçado a condição de candidato com a desistência de Ednaldo Rodrigues, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, tenta consolidar uma chapa que conta atualmente com o peso da maior federação de futebol do país juntamente com outras sete federações estaduais e 30 clubes, entre eles todos os grandes de São Paulo. Reinaldo conta ainda com  apoio, principalmente monetário, de uma das Ligas (Liga Forte União) em sua pré-candidatura o que aumenta substancialmente o poder de fogo do paulista de Taubaté.

Apesar de sempre ter sido uma espécie de lambe botas e subservientes de dirigentes como Eduardo Jose Farah e Marco Polo del Nero, de quem ficou à sombra durante vinte anos (1996 a 2015) ocupando a vice presidência da FPF, Bastos adquiriu experiência, conquistou alguns aliados e mesmo sendo odiado e considerado traidor pela maioria dos dirigentes, tem apoio considerado, não pode e não deve ser subestimado.

Com o apoio já anunciado, Reinaldo Carneiro tem 67 votos. Ele precisa de 71 para ser eleito. Segundo informações, o presidente da FPF teria mais "5 times da Série B fechados com ele" e, caso seja verdade e não haja mudanças de lado, com 72 votos seria eleito, já que o colégio tem 141 votos no total.

Dos dirigentes de federações aliados ao paulista, praticamente todos tem promessa de cargo na diretoria e gordos salários, na casa dos 200 mil mês, em uma eventual vitória. A tática do opositor Flávio Zveiter seria cooptar aliados de Reinaldo, mas comenta-se nos bastidores que para mudar de lado, o valor estaria na casa dos 10 milhões de reais e outras regalias.

Sob presidência de Ednaldo, o baiano Luanderson Lima foi promovido à FIFA no mesmo ano de sua estreia na Série A do Brasileiro - Crédito foto: CBF

Outra moeda de troca, essa sem valor monetário, mas de barganha política, é o escudo FIFA para a temporada 2024. Comenta-se que Wagner Magalhães, da federação do Rio de Janeiro, aliada de Zveiter, perderia o escudo que seria herdado por Rodrigo Pereira, de Pernambuco, cujo presidente, Evandro Carvalho, é aliado e muito próximo a Reinaldo Bastos. Como as indicações ao quadro FIFA é mais politica que por meritocracia, as tratativas para alçar o jovem e inexperiente pernambucano ao quadro internacional só demonstra a bagunça e falta de critérios do comando da arbitragem brasileira.

Por fim, também se comenta nos bastidores que caso Flávio Zveiter vença a eleição, a idade limite para árbitros no país voltaria a ser de 45 anos para todos e não só para alguns privilegiados, que seria vedado a participação de árbitros atuantes em sindicatos e associações e que só atuaria árbitros associados a ANAF – Associação Nacional dos Árbitros de Futebol. A título de informação, atualmente para atuar nas competições da CBF, todos os árbitros do quadro nacional, obrigatoriamente devem ser associados da ABRAFUT por imposição de Wilson Seneme sob ordens do ex-presidente Ednaldo Rodrigues.

Caso vença Reinaldo, pouca coisa mudara com os oportunistas continuando no poder e dividindo entre si o bolo monetário da entidade. Já o projeto falido da arbitragem continuará o mesmo até implodir por erros sucessivos como vem ocorrendo nos últimos anos. Já com a vitória de Zveiter, as mudanças serão obrigatórias com uma grande faxina em todos os setores iniciando pelo presidente da comissão de arbitragem e de seus aspones.

A eleição provavelmente deve ocorrer entre o fim deste mês e início do próximo quando todas essas indagações serão esclarecidas.