Pesquisar este blog

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O que a final da Liga dos Campeões ensinou para o apito brasileiro


O jogo ente Bayern de Munique x Borussia Dortmund foi um belo espetáculo, futebol de altíssima qualidade, um show de organização e um cerimonial que todos nós desejaríamos ver por aqui na América do sul, a final, quem não se arrepia com o hino da Champions tocado antes dos jogos?


Mas foi só o jogo e os aspectos que mencionei que serve de exemplo para o Brasil, país da próxima copa? Claro que não! A belíssima arbitragem comandada por Nicola Rizzoli me trouxe uma reflexão que põe em cheque a forma com que os presidentes que passaram pela CONAF, pensam a renovação do quadro FIFA e o futuro da arbitragem no Brasil.

Na manhã do jogo estava lendo o Blog do Gaciba, e lá tina um perfil de Rizzoli, aliás, com algumas falhas, mas foi bom que dei uma pesquisada e vou repassar para vocês abaixo a ficha completa do apitador.


Nicola Rizzoli é arquitetonasceu em Mirandola, uma província que fica em Modena na Itália. Completará 42 anos no próximo dia 05 de outubro. Estreou na série A do seu país em 2002, entrou para o quadro da FIFA em 2007 e em 2011 foi eleito o melhor árbitro da Itália. Esteve no Mundial Interclubes de 2011 quando apitou Santos 3x1 Kashiwa Reysol. Apitou a final da Liga Europa, antiga Copa UEFA em 2010 Atletico Madrid (ESP) 2x1 Fulham (ING). Já apitou 26 jogos da Liga dos Campeões sendo que a primeira foi em 2008. Ao todo foram 63 Jogos Internacionais e é um dos pré-selecionados para a Copa do Mundo de 2014 que será disputada em nosso país.

Esse moço com esses pré-requisitos acaba de apitar a final da liga dos campeões e vai apitar a Copa do Mundo, mas será que isso aconteceria se Nicola Rizzoli fosse brasileiro?  Lógico que não! Hoje no Brasil pensa-se em renovação como quem vai pegar um árbitro com 25 anos e por na FIFA para dizer, “esse eu ensinei”, todo presidente de comissão quer ser o pai da criança, que a cada dia esta mais criança.

Brasil erra há muito tempo

Se voltarmos no tempo, o Brasil já vem errando na formação dos apitadores há muito tempo, quando em 97 indicou Paulo César de Oliveira para FIFA, Armando Marques ficou fascinado com a bela atuação do árbitro num jogo Sport x Vasco onde o mesmo marcou quatro pênaltis. Os mais entusiastas dizem que foram todos corretos, como eu tenho a minha opinião, acho que em pelo menos dois deles houve um certo exagero. Aliás, PC vive deste jogo até hoje, pois apitar futebol não apita há muito tempo. Salvo algum engano, ele nunca foi premiado como melhor árbitro do Campeonato Paulista e nem do Brasileiro.

O que se viu depois na carreira daquele menino recém saído de trás dos balcões de uma pequena mercearia em Cruzeiro, interior de São Paulo, foi um árbitro em formação, com pouca idade, com um escudo FIFA  aprendendo a apitar na serie A do brasileiro, o que refletiu em sua carreira internacional que acabou não acontecendo. Muito por falta de maturidade nos torneios em que foi designado.

Com os presidentes seguintes a coisa piorou, Edson Rezende criou varias normas para uma renovação abrupta e lançou nomes sem preparo em varias partidas. Com Sérgio Correa não foi diferente, dando sequencia em uma renovação por idade e não por qualidade, o que se viu foram árbitros saídos da “maternidade”  indo direto para os jogos.

Lembro-me de um caso especial, em 2009 o carioca Rodrigo Nunes Sá caiu de paraquedas na final do carioca e Sérgio Corrêa nas semanas seguintes colocou o inexperiente apitador que é dono de um excelente preparo físico para apitar a série A, Avaí x Atlético MG. Tudo em nome da FIFA e dos testes físicos e o que aconteceu? Não aconteceu! Rodrigo travou, muitos a sua volta enchiam sua bola e o chamavam de futuro FIFA. Ele subiu no salto, achou que apitava mais do que realmente apita, acabando em um declínio vertiginoso. O fundo do poço foi o famoso cai-cai ao melhor estilo Neymar, cena lamentável quando simulou uma agressão na serie D do Brasileiro em partidas disputada no Paraná (Operário-PR 3x0 Mirassol-SP).


Na ocasião, Rodrigo Sá relatou que o lateral do time paranaense tinha atingido sua testa com o dedo de raspão e alegou ter caído no chão quando tentou se esquivar do jogador. Veja o vídeo acima com as cenas lamentável.

Mas como as lições não são aprendidas, Aristeu Tavares quando assumiu a CA-CBF subiu nos tamancos e continuou o mesmo caminho e pior, cometeu um verdadeiro crime quando trocou um quadro de aspirantes no meio do ano e pela segunda vez. Assunto amplamente debatido aqui. O coronel do apito como ficou conhecido galgou o paraense Dewson Fernando a aspirante FIFA com apenas um punhado de jogos e sem respeitar os pré-requisitos do RGA. Também tivemos nessa mesma gestão, assistentes vindos do nada que foram para o mesmo quadro. 

Tudo poderia e seria pior ainda devido a soberba e arrogância de Aristeu se não fosse a famosa entrevista de Goiânia que para sua infelicidade, chegou até o Apitonacional. Daí para sua queda, foi questão de horas, pois a pá de cal já tinha sido jogada.

Renovações FIFA pelo mundo

Quando escrevo sobre algum assunto, procuro pesquisar antes para depois não ter que me retratar, seguindo esse ensinamento fiz então uma pesquisa no site da FIFA e descobri que as renovações e ascensões vêm acontecendo pensando no futuro. Muitos árbitros não tem chegado aos 45 anos, sem chances futuras tem saído antes, caso do colombiano Oscar Ruiz, Jorge Larrionda do Uruguai e do brasileiro Sálvio Spínola que enveredaram por outros caminhos diferentes ou mesmo dentro da arbitragem. Mas não quem sai e sim quem entra que chama a atenção.

No final de 2012, as listas FIFA do ano seguinte, no caso para 2013, foram enviadas pelos países a FIFA, a brasileira teve um membro que destoou, Rodrigo Figueiredo que aos 29 anos e com poucos jogos, saiu do CBF-1 direto para o quadro da FIFA para aprender a bandeirar (lembro que a promoção a aspirante e a lista enviada a FIFA foram na mesma data), mas países como: Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai colocaram árbitros nascidos em 1975 e 1976, optando pelos “novos experientes”.

O que chama atenção é que 1975 é o ano de nascimento dos assistentes aspirantes do Brasil que saíram para criar um vácuo, ou seja, um espaço para a subida de Rodrigo, ou alguém tem dúvida que o Fabiano Ramires do Espírito Santo não poderia ser FIFA diante de suas belas atuações que inclusive foram elogiadas por Aristeu Tavares.

O que vemos então é uma renovação errada, somente pensando na idade é que o Brasil amarga críticas e não tem chegado a lugar nenhum. Na Europa vários países têm árbitros que entraram na FIFA aos 38 anos, a Itália é um dos países assim como a Inglaterra, Alemanha, França, Espanha e outros, indo ao encontro do que disse Máximo Bussacca: “Nós queremos árbitros na idade certa”, frase que foi criticada por Aristeu Tavares no encontro em Goiânia quando de sua explanação inicial.

Então vendo o resultado internacional do Brasil e dos outros países, quem esta certo?

Copa 2018 só árbitros até 42 anos

Na Rússia, quando da Copa do Mundo, só árbitros até 42 anos atuarão, e o quadro FIFA do Brasil tem membros que já não vão ter idade para o tal, fato que fatalmente levará a uma renovação forçada e aí é que se deve pensar, arriscar um inexperiente ou fazer como os outros países, buscar opções seguras. Este dilema deve passar na cabeça de Antônio Pereira e Nilson Monção, única certeza é que mudanças precisarão acontecer se não vamos ficar para trás mais do que já estamos.

Lista de árbitros do Brasil sem idade para Rússia, ou seja, nascidos antes de 1976 em laranja:


Parafraseando o atual presidente da comissão que diz: ”prefiro o árbitro feito no forno de lenha ao do forno de micro ondas”, deixo no ar: 

Renovação é necessária, mas temos que ter cuidado, pois renovação sem qualidade pode levar o Brasil em um futuro próximo a ficar sem um árbitro na Copa. Será que teremos árbitros na Rússia? Se continuarmos com esta politica creio que não.

Frase: "É tempo de renovação, é tempo de aceitar que o passado não pode ser esquecido e nem vivido novamente". (Diana Corvinus).

3 comentários:

Anônimo disse...

excelente matéria, hoje fazem árbitros de laborátorio, se preocupam se ele corre bem, é poliglota, gestual robotizado e esquecem do básico que é saber apitar e não queimar etapas. Estamos próximos do fim.

Anônimo disse...

Parabéns Marçal! Onde assino? Perfeito! O problema do nosso país, são os interesses pessoais dos Presidentes de comissões, as vaidades formadoras, e o principal, as indicações políticas. Tudo isso está acabando com a arbitragem brasileira. A qualidade e a personalidade dos árbitros não são consideradas! Triste fim!

Anônimo disse...

Árbitros da Copa das Confederações e a idade de ingresso na FIFA

A falta de renovação antes de 2006 demonstraria o mal que Armando Marques fez mal ao setor!

Se hoje não temos árbitros na medida em que os especialistas apontam como prontos é porque a Conaf comandada pelo antigo árbitro não fez seu dever de casa.

Como prova disto é a idade dos árbitros que estarão na Copa das Confederações.

D Abal – Uruguai – Ingressou na FIFA em 2008, com 36 anos.

B Kuipers – Holanda – ingressou na FIFA em 2006, com 33 anos.

H Webb – Inglaterra– ingressou na FIFA em 2005, com 33 anos.

P Proença – Portugal– ingressou na FIFA em 2003, com 33 anos.

D Haimoudi – Argelia – ingressou na FIFA em 2004, com 33 anos.

Y Nishimura – Japao – ingressou na FIFA em 2004, com 32 anos.

F Bryxh – Alemanha – ingressou na FIFA em 2007, com 31 anos.

E Osses – Chile– ingressou na FIFA em 2005, com 31 anos.

J Aguilar – El Salvador – ingressou na FIFA em 2001, com 26 anos.

R Irmatov – Uzbequistao – ingressou na FIFA em 2003, com 26 anos.

Para chegar aos quadros internacionais com idade variando entre 26 e 33 anos é porque iniciaram na arbitragem com idade muito baixa. O mais velho, para variar, é da América do Sul, D Abal, que ingressou com 36 anos.

E agora, quem está certo. A CBF que ñ renovou seus quadros ou a Europa que o fez com muita responsabilidade?