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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A Era Cintra: entre coaching, política e estagnação

'O Pavão" - Foto: IA

A Comissão de Arbitragem da CBF iniciou em 2025 um novo ciclo sob a liderança de Rodrigo Martins Cintra. Longe do apito há quase 20 anos, sem experiência em gestão e conhecido nos bastidores como “Pavão do Apito”, Cintra assumiu em meio a desconfiança geral.

O modelo de “coaching” aplicado à arbitragem

Segundo uma fonte na CBF, Cintra promove encontros presenciais no Rio de Janeiro com a promessa de elevar o rendimento dos árbitros. Porém, o conteúdo exposto causa perplexidade: cerca de 15 minutos de orientação técnica, seguidos de longas palestras motivacionais típicas de coaching – definição de sonhos, metas e obstáculos.

Na prática, os árbitros saem com frases feitas, mas o rendimento em campo permanece o mesmo, ou seja, sofrido e questionável.

A falta de diálogo com o futebol real

Um dos pontos centrais é o isolamento da comissão. Cintra não conversa com presidentes de clubes, não dialoga com federações e ignora a voz das arquibancadas. A arbitragem vive em redoma, alheia ao futebol real.

A gestão dividida: Cintra e Péricles

Na prática, a comissão funciona em duas frentes: Cintra cuida do campo e Péricles Bassols do VAR. Mas em vez de integração, há conflito. As orientações mudam ao sabor da repercussão midiática, sem projeto estruturado.

O slogan “arbitragem sem fronteiras”

O lançamento do bordão “arbitragem sem fronteiras” parecia ousado, mas se revelou instrumento político. Cursos foram espalhados por estados sem calendário, servindo mais como moeda de troca com federações do Norte do que como medida de qualificação.

Acúmulo de funções e suspeitas de isenção

Inspetores e analistas como Eveliny Pereira, Marcelo Van Gasse e Regildenia Moura, e outros chegaram a atuar em três jogos na mesma rodada. Como manter isenção, qualidade e focar no trabalho.

Seria como uma pessoa ter três empregos em um: Escala, avalia, viagem, dá o feedback do que avaliou; instrução, viajam para cursos e jogos no exterior. Quem pode melhorar a arbitragem desta forma?

A influência política de Samir Xaud

Por trás da comissão está o novo presidente da CBF, Samir Xaud, de Roraima. Amparado por apoios políticos e decisões judiciais que suspenderam investigações, assumiu o comando de uma confederação que movimenta bilhões, mesmo vindo de um estado sem tradição nem estrutura no futebol.

A sucessão de presidentes e o padrão de fracasso

Cintra sucedeu Wilson Seneme, cuja gestão foi marcada por autoritarismo, salário milionário e assédio moral explícito contra árbitros e inspetores. Antes dele, Leonardo Gaciba durou pouco. Antes ainda, o Cel. Marinho estruturou o VAR, mas caiu na turbulência política da CBF.

O padrão se repete: discursos novos, práticas velhas, resultados decepcionantes.

Conclusão

A era Cintra não inaugura um novo ciclo. Pelo contrário, repete vícios históricos: improvisos, vaidades e política. O que deveria ser trabalho sério virou espetáculo de coaching e autopromoção.

O diagnóstico é claro: a arbitragem precisa de dirigentes dedicados em tempo integral, abertos ao diálogo com clubes, federações e torcedores, focados em meritocracia e evolução técnica.

Enquanto isso não acontecer, seja quem for o comandante, a credibilidade seguirá em queda.

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