Neste final de semana, na partida Vasco da
Gama 1x2 Flamengo tivemos finalmente a prova que os AAA-árbitros assistentes adicionais
(árbitros atrás do gol) não tem serventia nenhuma para a arbitragem mundial, não por
culpa deles, mas pelo modelo covarde adotado na sua implementação. Quando em 2008
decidiram fazer a experiência com os adicionais e toda experiência é valida e
bem vinda, lembro que a discussão maior era qual lado do gol ele deveria ficar,
quando na verdade o que deveria ser discutido era a utilidade e quais poderes
eles teriam.
Os conservadores dirigentes do apito decidiram limitar a atuação dos adicionais tirando deles poder e proibindo qualquer tipo de gestos próprios ou com algum instrumento. O sistema adotado os tornou inútil, pois os adicionais são surdos, mudos e "cegos", se tonaram peças nulas e agem como se fossem totens ou cones atrás dos
gols e nada mais.
Por decisão unica dos dirigentes covardes e sem visão, a
participação dos AAAs nas partidas que poderia ser muito importante para diminuir os erros, não passa de viradinhas discretas para o lado das
traves, quando na visão deles é tiro de meta ou para a bandeira de escanteios
quando é tiro de canto. Fora isso ele não tem o direito de se manifestar, bem
diferente do assistente que corre na lateral do campo que ao tomar uma decisão ergue a sua bandeira e
gesticulando informa o árbitros do ocorrido, se este não quiser não marca, mas
fica nítido para todos que estão assistindo a partida qual foi sua decisão.
Em 99% dos casos os árbitros marcam a infração assinaladas pelos assistentes, mesmo contra sua vontade, pois a sinalização e os gestos do
assistente jogará um peso enorme nas costas do apitador caso este tome a
decisão de não marcar e a televisão mostrar que ele estava errado. No caso do adicional ele não marca e se houver erro na jogada certamente ele cairá nas costas do coitado do AAA que mesmo tendo informado nunca poderá provar que informou. Eu acho que esta na hora de uma caixa preta para gravar as informações da arbitragem durante as partidas, elas seriam como as colocadas nos aviões e usadas pelas comissões em casos como esse, pois os árbitros sempre alegam que não foram avisados e jogam a culpa em falhas do equipamentos na hora do lance.
Mas não é só a parte técnica que tem que ser atacada,
precisa mudar a mentalidade dos árbitros e cobrar que eles deixem o “ego” de
lado e atendam as marcações dos adicionais. O Apitonacional tem relatos de
árbitros que disseram que quando são escalados de adicionais, principalmente em
jogos do campeonato brasileiro, os árbitros das partidas costumam ignorar suas
marcações, principalmente as ocorridas dentro da área. Como o adicional
normalmente é muito inferior na hierarquia do apito, se acovarda, não participa
mais da partida e passa a ser um mero espectador se limitando as viradinhas
laterais. Pouca serventia se levarmos em consideração o custo beneficio e a
potencialidade que poderia ser dado para a função se dessem poder de gestos aos
adicionais, aí sim queria ver um árbitro não atender as marcações!
Não podemos crucificar o adicional Rodrigo Saraiva
Castanheira (foto acima) pela jogada especifica do gol não confirmado de Douglas do Vasco da Gama,
primeiro porque ele é um ser humano que como todos nós é falível aos erros. Lembro que apesar de sua função ser especifica, fora seus dois olhos, como mostra a foto abaixo, tinham
pelo menos mais seis (árbitro, assistente mais próximo da jogada e quarto árbitro que no momento estava próximo do gol com a visão total da jogada) com poder de
decisão fiscalizando o decorrer do lance e nenhum deles teve a convicção necessária para confirmar o
gol. E segundo, podemos notar a sua ótima colocação e a concentração total na
jogada.
Mas também não podemos lutar contra as imagens e é claro que ele viu
a jogada, pela sua colocação não tinha como não ver, mas não marcou porque
então? Na minha modesta visão de um leigo sobre detalhes técnicos do corpo humano, mas embasado em experiencias pessoal e relembrando algumas jogadas parecidas nos
tempos de assistente (bandeirei centenas de partidas de 1993 a 2005 pela
Federação Paulista de Futebol), a velocidade da bola foi tanta que seu cérebro não teve tempo de processar o acontecido e quando ele poderia raciocinar teve que apagar
aquela imagem para processar as próximas, pois a jogada continuou a se
desenrolar até o momento em que goleiro Felipe fez a defesa.
Pude comprovar pessoalmente algumas vezes que a velocidade da bola quando bate no travessão e quica no chão é muito grande e aliada a mudança de direção da bola, as vezes o olho humano não consegue acompanhar, principalmente se você estiver muito próximo como neste lance. Nesse caso, a unica coisa que resta a fazer é rezar para que tenha tomado a melhor decisão.
Muitos estão se perguntando por que então do outro lado o
adicional Leonardo Garcia Cavaleiro viu e assinalou o gol de Elano do Flamengo
e eu respondo: não se pode comparar as jogadas pela velocidade da bola. No gol
do Flamengo ela foi em câmara lenta se comparada com o lance do gol não
validado.
Obs. Não tenho certeza se o gol do Flamengo foi validado
pelo adicional, pois se notarmos na jogada o mesmo fica na mesma posição e em
nenhum momento se virou para o centro do gramado confirmando o gol com a
nitidez necessária.
Raio caiu duas vezes no mesmo lugar
Para provar também que toda concentração não é o suficiente e que tudo pode acontecer em uma partida
de futebol, principalmente contra a arbitragem, um lance raríssimo de acontecer
– os três mais famosos ocorreram um na Copa de 1966 (Inglaterra 4x2 Alemanha)
quando a bola não entrou e o árbitro deu o gol, um na Copa de 2010 (Alemanha
4x1 Inglaterra) quando a bola entrou e a arbitragem não deu o gol e esse agora no
campeonato Carioca (Vasco x Flamengo) quando a bola entrou 33 centímetros e o gol não foi validado -, aconteceu duas vezes na mesma partida
em um intervalo de 29 minutos. Podemos dizer que o raio caiu duas vezes no
mesmo lugar, infelizmente na cabeça da arbitragem da partida.
Veja abaixo o vídeo com os
lances do jogo.
Frase: “Nesta vida, em que somos capazes dos atos mais
nobres e dos erros mais terríveis, não somos mocinhos nem vilões: apenas
humanos” (Augusto Branco).
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