
Na contramão de tudo e de todos que se tem falado e escrito ultimamente sobre o tema, sou a favor do sorteio para árbitros no Brasil, mas não da maneira como é feito pela CA/CBF.
O artigo 32 da lei Federal nº 10.671/2003, sancionado em 15 de maio de 2003, diz:
É direito do torcedor que os árbitros de cada partida sejam escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles previamente selecionados.
§ 1o O sorteio será realizado no mínimo quarenta e oito horas antes de cada rodada, em local e data previamente definidos.
§ 2o O sorteio será aberto ao público, garantida sua ampla divulgação.
Infelizmente o artigo não regulamenta as formas em que deva ser feito os sorteios, assim sendo, cada federação e a própria CBF adota o critério que achar melhor, chegando ao cúmulo de indicar dois árbitros para dois jogos diferentes trocando a posição nas colunas, neste caso o sorteio é só para indicar qual jogo em que cada um deva atuar, é como se fosse a proibidíssima venda casada no comercio.
Quando foi criada a lei do sorteio, no inicio a grita foi geral, hoje nem tanto, apenas alguns zuzuzuns, os políticos da arbitragem adotam o fim do sorteio como bandeira, mas na verdade nem eles sabem o que é bom e o que é ruim neste assunto. Pelo sistema da CBF, o que muda indicar um ou dois árbitros para uma determinada partida? Nada! A não ser que pelo lado bom dos que estão do outro lado, que no sorteio não se tem certeza absoluta que um árbitro especifico apite uma partida determinada, mas em compensação usando o critério da competência, poderá a comissão indicar dois árbitros linhas duras ou dois árbitros ditos caseiro conforme pede o jogo em questão, como o sorteio é casado, o sucesso é eminente.
É claro que vivemos em um país onde uma brecha na lei é usada da forma como melhor servir as pessoas e as instituições, nossos legisladores só fazem as lei pela metade, elas sempre tem que ser regulamentadas e isto às vezes demora anos e até décadas, enquanto isso, ela é interpretada diferentemente dependendo de quem vai servir e do grau de necessidade do momento.
O sorteio realizado pela CBF é de sorteio único com duas colunas com os nomes dos árbitros indicados para o sorteio. Quando sai a esfera ímpar, todos os árbitros indicados pela coluna um são sorteados. Quando sai a esfera par, conseqüentemente todos os árbitros indicados pela coluna dois são os sorteados.
Esse modelo de sorteio adotado pela CBF é bom para a comissão de árbitros que escala com 100% de certeza os árbitros que ela quer que seja escalado, inserindo o nome do árbitro nas duas colunas, o sorteio definirá apenas em que jogo o referido árbitro irá trabalhar. Porém, este modelo é péssimo para o sistema e injusto com os demais árbitros que estão somente em uma coluna, enquanto uns tem 100% de chance outros só tem 50%.
No sorteio realizado no ultimo dia 26/10/09 para a 32ª rodada do campeonato brasileiro, o árbitro Péricles Basol Cortez do Rio de Janeiro constava na coluna um do jogo do São Paulo e Internacional e na coluna dois do jogo Grêmio e Avaí, como no sorteio caiu à esfera par ele e todos os demais inscritos na coluna dois foram os vencedores do sorteio e conseqüentemente os escalados da rodada.
É evidente que a comissão de árbitros da CBF quando quer, escala o árbitro que ela quer, apenas não consegue antecipar o jogo, mas espertamente, reduz para duas possibilidades somente.
Com esse sistema, acaba o mito de “bom de sorteio” ou “não é escalado por culpa do sorteio”, no primeiro mito o árbitro é escalado automaticamente na rodada e não porque venceu o sorteio, no segundo mito, o árbitro não é escalado porque a comissão não faz questão, se fizer, ele, o árbitro, será escalado!
Não tenho conhecimento dos critérios adotados em todo o país, mas tenho do que a Federação Paulista de Futebol adotou este ano, acho a maneira mais justa e honesta para com os torcedores, imprensa e os próprios interessados, os árbitros. Para o sorteio, a CEAF paulista indica previamente dois, três e até quatros árbitros, as mesmas quantidades de esfera com números são colocadas no globo, o sorteio é por exclusão, esfera três sorteada, árbitro na coluna três descartado, esfera um, arbitro um descartado e assim vai até que a ultima esfera no globo indica o árbitro da partida.
Alguns indagarão: Como então, somente Sálvio Spinola e Wilson Seneme foram os escalados na reta final do paulista? A resposta eu não sei, penso que seria impossível de acontecer todas as coincidências seguidas, com as esferas dos seus números permanecendo insistentemente no globo, mas se houve algo de ilícito, deveria ser investigado e os culpados devidamente punidos. Como penso que o Cel. Marinho e todos da comissão de árbitros da FPF são pessoas sérias e honradas até que se prove o contrário, fico com a possibilidade de que mesmo contra todos os prognósticos as coincidências levaram Seneme e Sálvio a apitarem todos os jogos da fase final do paulista.
Frase: "Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um". (Fernando Sabino)