Pesquisar este blog

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A vitória do conchavo

Ricardo Lewandowsk interrompeu julgamento das emendas de relator, dando tempo ao Congresso para aprovar resolução sobre o dispositivo. Foto: Carlos Humberto/STF

Por: Felipe Moura - Estadão

Nem o futebol salvou o Brasil em 2022. Enquanto a Argentina conquista a Copa do Mundo do Catar, consagrando a genialidade de Lionel Messi, nosso país segue sem foco ético, sem liderança altruísta, sem exemplo unificador.

De um lado, o petismo renova a compra de apoio parlamentar para turbinar gastos sem cortar privilégios, ou turbinando-os também. O aumento do número de ministérios de 23 para 37, a liberação da nomeação de políticos para 548 cargos de poder com o afrouxamento da Lei das Estatais e a legalização da versão maquiada do orçamento secreto são apostas do governo eleito de Lula para aprovar a PEC do Estouro à base de “toma lá, dá cá”, embora petistas ainda disputem com Centrão e aliados da “frente ampla” os cofres mais cheios e as pastas de maior retorno eleitoral.

O ministro Ricardo Lewandowsk interrompeu o julgamento das emendas de relator, dando tempo ao Congresso para aprovar resolução sobre o dispositivo. Foto: Carlos Humberto/STF

De outro lado, o bolsonarismo que uniu o fisiologismo do Centrão a um reacionarismo aloprado e militarista ilustra sua dupla natureza, votando junto com o PT no Congresso pela mudança na Lei das Estatais e pela maquiagem do orçamento secreto, ao mesmo tempo que estimula a alucinação coletiva em estradas e portas de quartéis, com contestação de urnas, clamor intervencionista e vandalismo. A cumplicidade com Jair Bolsonaro e o receio de isolamento de outros potenciais representantes de uma direita democrática inibem críticas à distopia bolsonarista, agravando o isolamento da realidade da suposta direita existente.

De cima, o Centrão do STF, da Câmara e do Senado vai passando a boiada, como se viu na interrupção feita por Ricardo Lewandowski no julgamento das emendas de relator na quinta-feira, 15, para que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco aprovassem na sexta, 16, a resolução que mudou critérios de distribuição, sem privar, claro, os presidentes das Casas Legislativas de centralizar fatias polpudas dos recursos. Foi uma “homenagem” ao Congresso, disse em coletiva com Pacheco o ministro Lewandowski, que agora pode virar com Gilmar Mendes o placar de 5 a 4, legalizando, com 6 a 5, o orçamento secreto maquiado. Como se não bastasse sua presença na festa pós-diplomação de Lula, o juiz dá até entrevista com outra parte interessada em meio ao julgamento do tema. Conchavo no Brasil virou tributo, em todos os sentidos. Quem paga, claro, é o povo trabalhador.

Para completar o fim de ano no País, Sérgio Cabral foi libertado da prisão preventiva com votos de ambos os ministros, além de André Mendonça, indicado por Bolsonaro.

Para 2023, o Brasil segue carecendo de um Messi e de uma oposição de verdade.

Fonte: Estadão

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Sentiu o golpe 

Gerente de VAR questiona se matéria que relata clima ruim na comissão de arbitragem da CBF é comprada

Péricles Bassols (esq.) ao lado de Wilson Seneme - Credito: Lucas Figueiredo/CBF

Não é novidade para ninguém que este que voz escreve se tornou persona `non grata´ dentro da comissão de arbitragem da CBF. Tudo por conta das matérias relatando os gritos, chiliques e xingamentos do chefe dos árbitros e possíveis traições de subalternos que tornou péssimo o ambiente dentro do departamento de arbitragem que é comandada por Seneme, mas cobiçada mais que o ´trono de ferro´ por um dos membros lobo em pele de carneiro.

Em vez das matérias servirem de autocritica e uma possível lavagem de roupa suja interna entre os membros, aumentou as desconfianças e levou a uma verdadeira caça às bruxas atrás do vazador das informações e suposto traidor no time.

O mais incomodado, como já era de se esperar, foi o ex-árbitro FIFA e atual responsável pelo VAR, Péricles Bassols. O ex-menino do Rio, como era conhecido em início de carreira, enviou um direct no Instagram questionando honestidade e colocando em duvidas a intenção da postagem.

Além de insinuar que as matérias seriam levianas, questionou se teriam sido a pedido de alguém ou até mesmo compradas. No fim, Bassols diz achar impressionante o fato de não mudar de métodos e continuar com a mesma proposta, talvez se lembrando de um passado não muito distante quando usava esses mesmos metodos, que hoje critica, a seu favor (veja abaixo).

Crédito: reprodução Instagram

Meia verdade o que disse o atual chefe do VAR da CBF. A matéria não  foi leviana e nem comprada, apenas divulgou informações de uma fonte dentro da CA-CBF que, assim como ele no passado, tenta tirar algum proveito da situação.

Aqui cabe ‘mea culpa’ de não esperar reação de Bassols, que quando precisou, na época que era árbitro no Rio de Janeiro, procurou diversas vezes este Blog para passar informações dos bastidores da FERJ, xingar presidente de comissão de arbitragem e jornalistas e criticar um hoje ex-árbitro que brigava com ele pelo escudo FIFA na época.

Pericles Bassols não chegou aonde chegou, se tornando um árbitro FIFA, primeiro VAR do país, VAR em São Paulo e atual responsável pelo VAR na CBF à toa. Seu bastidor é fértil e tem seus esqueletos no armário* e quem sabe, aproveitando a oportunidade criada pelo proprio ex-árbitro, eles não possam vir a luz do dia.

Eu bem que tentei responder acusações e as insinuações em off e no mesmo canal, porém, em um ato covarde, Bassols enviou a mensagem e bloqueou para não receber resposta, motivo que, excepcionalmente, me obriga a responder publicamente.

Crédito: Instagram

* “Esqueleto no armário” é uma expressão idiomática utilizada para dizer que determinada pessoa possui segredos constrangedores escondidos em sua história de vida.