Assim como Titanic, arbitragem brasileira desliza ao encontro de seu Iceberg
Publique-se. Registre-se. Cumpra-se!
Quem frequenta a sede da CBF, no Rio de Janeiro, sabe que o termo usado como título deste post é muito comum e usual entre os dirigentes, especialmente o presidente da casa. A frase é uma versão antiga onde os poderosos de plantão davam a ordem para seus capangas terminadas em: "Que se escreva e que se cumpra!"
Segundo informações de uma dessas pessoas, com cargo importante dentro da entidade, a punição aos sete árbitros tem nome e sobrenome e foi imposta goela abaixo dos subalternos. Segundo a informação, naquele domingo chuvoso e sombrio (27), após a tormenta que açoitou o mar no sábado, Luiz Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, recebeu a ordem que mudaria o destino dos sete árbitros, entre os mais graduados da arbitragem brasileira. O presidente da CBF Ednaldo Rodrigues, conhecido por sua severidade com a chibata e por ser centralizador, foi inflexível e mandou em bom tom a ordem: os sete deveriam ser punidos exemplarmente e a ordem foi finalizada com o termo “Publique-se. Registre-se. Cumpra-se”.
Como os sete árbitros cujo número de acertos é medido com a régua de quem nada entende do apito, estes sete homens foram expostos diante de todo segmento esportivo e principalmente da arbitragem. A humilhação pública dos sete profissionais da elite ecoou pelos corredores da CBF, assim como o estalar da chibata em suas costas.
Os companheiros, especialmente aqueles que tem cargo em uma associação criada supostamente para defender os árbitros (ABRAFUT), covardemente se calaram e são testemunhas silenciosas e observam com horror o destino dos sete que até então comandavam com respeito e dignidade. O espetáculo cruel lembrou uma antiga história de sete samurais, mas desta vez sem honra ou glória, apenas a vergonha pública de homens que dedicaram suas vidas a arbitragem.
Outra lembrança antiga remete ao naufrágio do Titanic. A ironia do destino se desenha no horizonte: enquanto o Ednaldo se preocupa em punir os sete árbitros, um iceberg aguarda pacientemente, indiferente às hierarquias e castigos humanos. Os botes salva-vidas, insuficientes para todos, serão testemunhas silenciosos da verdadeira tragédia por vir.
E assim, ainda na comparação com o navio até então inafundável, enquanto a orquestra tocava "Mais Perto de Ti, Meu Deus", o orgulhoso navio seguia seu curso fatal. Qualquer semelhança não será só mera coincidência.
O Capitão Seneme, agora executor relutante da punição dos sete, observa o horizonte sabendo que em breve as águas geladas não faram distinção entre castigadores e castigados.
A música continuará tocando até o fim, uma valsa melancólica para embalar a descida do "inafundável" ao seu leito final no fundo do oceano. As águas gélidas do Atlântico Norte seriam o último juiz, mais implacável que qualquer Almirante, levando consigo as histórias daqueles sete oficiais da arbitragem cujo destino foi selado duas vezes naquele fatídico domingo - primeiro pela chibata, depois pelo mar.