Ex-presidente da federação paraibana é condenada a
cinco anos de prisão
Rosilene Gomes foi apenada por crime contra patrimônio e furto duplamente qualificado; Também acusado, Genildo Januário, presidente do sindicato a época, foi inocentado
Rosilene Gomes - foto divulgação
Presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF) por 25
anos (1989/2014), de onde só saiu por decisão judicial, Rosilene de Araújo
Gomes (70 anos), foi condenada a cinco anos de prisão, por “furto duplamente
qualificado (abuso de confiança e concurso de pessoas), por desvio de 15 mil
reais em materiais esportivos enviados pela Confederação Brasileira de Futebol
(CBF) à entidade da qual estava afastada”.
Além de Rosilene, Antônio Alves Gonçalves (Toinho),
secretário da FPF na época, também foi condenado no processo que investigou
desvio de materiais esportivos. Outras duas pessoas citadas no
processo, Kléber Fábio Pereira de Lima e Genildo Januário Silva, foram inocentados.
A decisão, assinada em 11 de janeiro deste ano, é do Juiz Geraldo Emílio Porto, da 7ª Vara
Criminal de João Pessoa/PB.
O juiz determinou na sentença que a pena de cinco anos deverá ser cumprida em regime semiaberto. Já Antônio foi
condenado a cumprir quatro anos de reclusão, a serem cumpridos em regime
aberto.
Na sentença, o magistrado relatou que a ré permaneceu
clandestinamente dando ordens na Federação o que teria facilitado sua atuação
criminosa. O juiz ainda classificou os crimes como
injustificáveis, pois segundo ele, a ré teria agido motivada pela ganancia e
lucro fácil tendo em vista que a mesma comercializa materiais esportivos na
capital paraibana.
A defesa de Antônio Gonçalves disse que o acusado
confessou a prática delitiva, mas que agiu sob as ordens de Rosilene, e não
teve a intenção de subtrair os materiais.
Rosilene foi condenada com base no artigo 155, parágrafo
4, do Código Penal, caracterizando o delito como furto qualificado, já que
houve abuso de confiança e foi mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A decisão cabe recurso e o magistrado decretou que os réus recorram em liberdade.
Entenda o caso
Em 2014, a Junta Administrativa que administrava a
entidade a época, deu entrada numa representação criminal contra dois
funcionários da entidade e contra o então presidente de sindicato dos árbitros
acusando-os de “furto qualificado”. A denúncia dizia que a CBF enviou um kit
com 355 itens da Seleção Brasileira para a Federação, avaliado em R$ 15 mil,
mas que este acabou sendo “desviado” para Rosilene Gomes, a ex-presidente da
entidade.
A investigação interna durou cerca de 3 meses, pois
segundo Eduardo Faustino, membro da Junta Governativa da FPF, os envolvidos
permaneceram em silêncio e tudo só foi elucidado após um e-mail recebido pela
CBF comprovando o envio do material, que foi doado também às outras federações
do país.
Genildo Januario e Rosilene Gomes - foto divulgação
Segundo a denúncia, os documentos que comprovaram a
entrega da encomenda mostra que esta foi recebida por Antônio Alves Gonçalves,
o secretário-geral da entidade que é conhecido por Toinho.
O documento diz ainda que Toinho junto com o motorista da
FPF, Kleber Fábio Pereira da Silva, enviaram sem o conhecimento da Junta o kit
para Rosilene, num ato que segundo os dirigentes da Federação corresponde a
furto.
Ainda de acordo com a denúncia, o envio do material
esportivo para Rosilene teria contado com o conhecimento de Genildo Januário,
então presidente do Sindicato dos Árbitros da Paraíba.
A época, a Federação Paraibana de Futebol divulgou o
conteúdo do kit supostamente desviado da FPF para Rosilene: 50 meiões de jogo,
dez chuteiras, cinco camisas polo, 20 calções de jogo, 40 calções de treino, 20
calças de treino, dez jaquetas de frio, 20 casacos-hino, 50 camisas térmicas,
50 calções térmicos e 80 agasalhos. Todos produtos da Seleção Brasileira de
Futebol.
Na época, Genildo Januário confirmou o caso em
reportagem. Segundo ele disse, estava viajando quando soube por Toinho que o
material tinha chegado e sido colocado na sala do sindicato. Ao chegar de volta
a João Pessoa, viu que o kit não era da entidade que presidia e avisou isto ao
secretário-geral, que por sua vez pediu ajuda para colocar tudo dentro de um
carro.
“Ajudei como ajudaria qualquer pessoa. Toinho disse que
era de Rosilene Gomes e eu acreditei. Apenas ajudei ele a colocar o material no
carro, mas não tenho nenhuma responsabilidade com o suposto desvio. Vou levar
esta versão a quem precisar, porque ela é a verdadeira”, declarou GJS na
ocasião.
Veja a sentença abaixo na integra.
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