Falido e endividado, sindicato baiano deve aos árbitros
desde 2019
Credito: Facebook SIMBAF
Este Blog vem recebendo, desde o fim do ano passado,
denúncias de má gestão e supostos desvios de recursos do caixa do Sindicato
Baiano dos Árbitros de Futebol (SINBAF) na gestão Manoel Nunes Lopo Garrido.
A principal delas seria o não pagamento das taxas dos
árbitros que atuaram em competições em que o sindicato foi contratado por
empresas para fornecer os profissionais do apito. Os desvios teriam ocorridos
em 2019, portanto antes da chegada do coronavírus ao país e quando as
competições esportivas ainda não tinham sido paralisadas pelos decretos
governamentais.
Segundo as denúncias, supostamente na tentativa de
esconder os desvios, a planilha com os valores dos pagamentos recebidos das
empresas contratantes e os valores devidos aos árbitros do ano de 2019 teriam
sido apagadas do computador do sindicato. O equipamento inclusive teria sido enviado para uma
empresa especializada em recuperar dados em São Paulo, porém, pelo que tudo
indica, sem sucesso.
Apesar de não ter havido qualquer publicação oficial
do afastamento do ex-presidente, Manoel Garrido renunciou a
presidência do sindicato, para a qual foi eleito em junho de 2018, para mandato de quatro anos
em uma disputa ferrenha contra o atual presidente da CEAF-BA Jailson Macedo
Freitas, apoiado pela FBF (leia). Enfermo, Garrido renunciou ao cargo no final
de 2020 para tratamento de um câncer de pele.
O que eles disseram
O Blog entrou em contato com o ex-presidente Manoel
Garrido. O dirigente admitiu o débito com os árbitros e impostos, mas segundo ele,
não só por má gestão e apontou a pandemia, período em
que a arrecadação foi zero no caixa da entidade, como fator determinante para a atual situação da entidade sindical.
“Se dever nesse país em uma situação que o Brasil e o
mundo se encontra é algo raro e leviano, tenha certeza que uma maior parte das
entidades desportivas, inclusive profissional, estão sendo. E em momento algum
o Sinbaf se nega ou não admite tal situação, mas infelizmente se débitos é
assunto primordial em período de pandemia e arrecadação zero, você terá muitas
notícias com várias entidades. O que nos cabe hoje é um valor abaixo de dez mil
reais que será sanado com a expertise de Raimundo Carneiro com o apoio da
diretoria” – disse Garrido.
Garrido rechaçou qualquer desvio de valores na sua administração.
"Em relação aos 'desvios', os únicos que conheço são das pessoas que falaram isso (não citou nomes). Tenho uma conduta ilibada dentro e fora de campo. A ultima prestação de contas foi aprovada, inclusive mostrando como foi utilizado o auxilio por conta da pandemia que a ANAF enviou ao sindicato" - frisou o dirigente
O Blog falou também com o atual presidente Raimundo
Carneiro. Segundo o atual dirigente, a situação da entidade é muito difícil,
principalmente pela dívida de aproximadamente 20 mil reais e sem nenhuma fonte
de renda.
“Como Garrido se afastou, eu tive que assumir no
intuito de arrumar as coisas que estão pendentes devido a pandemia que levou
alguns árbitros não pagar suas obrigações e isso causou atrasos nas despesas
básicas do sindicato como agua, energia elétrica e tributos governamentais” –
disse Carneiro.
Carneio disse que por estar devendo aos árbitros, o sindicato não tem
crédito junto a eles que se afastaram. Também não há mais proximidade com a
Federação Baiana de Futebol (FBF) devido a gestão Arilson/Garrido ter sido não
só oposição, mas trabalhado contra a atual diretoria da Federação. Devido a
esse imbróglio político, a FBF fechou as portas de vez ao SINBAF.
O Blog apurou com árbitros e ex-árbitros que a
Federação Baiana de Futebol teria orientado os profissionais do quadro estadual
para não atuarem pela entidade de classe após racha politico com os dirigentes do sindicato.
Raimundo Carneiro diz que vem conversando com a ANAF –
Associação Nacional dos Árbitros de Futebol – em busca de apoio para recuperar
a entidade e busca também uma reaproximação com a Federação Baiana que sempre
esteve ao lado do sindicato.
Carneiro informou ainda que paralelamente a parte
desportiva, por ter sido candidato a vereador e ter conhecimento na casa, vem
atuando junto aos legisladores na Câmara Municipal, no sentido de aprovar
projeto de apoio fiscal e isenção de tributos ao sindicato.
O grupo politico que domina o SINBAF desde 2010, formado por Arilson, Garrido e Carneiro, ambos no destaque, comemoram vitória na ultima eleição
Raimundo Carneiro, que herdou o SINBAF em um caos financeiro e politico, faz parte da trinca de dirigentes, juntamente com Arilson Bispo e Garrido, que vem administrando o sindicato na ultima década com a eleição de Arilson em 2010 (leia).
O Blog falou também com Jailson Macedo Freitas,
presidente da comissão de arbitragem da FBF sobre possível veto para árbitros
atuarem pelo sindicato. Jailson disse que não houve qualquer orientação da
comissão de arbitragem nesse sentido e que, possivelmente os próprios árbitros
tenham tomado essa atitude devido o distanciamento do Sindicato com a
Federação. O dirigente ainda disse que espera que tudo se resolva rapidamente e
que a arbitragem baiana volte a ter a harmonia de sempre.
Nota do Blog
Diferentemente do informado pelo presidente da CEAF, o
Blog apurou com árbitros e ex-ábitros que, na condição de anonimato, confirmaram a informação que consta acima, que
nas duas últimas gestões do SINBAF, a FBF, após racha com os dirigentes do sindicato, orientava seus árbitros a não atuarem em
partidas pelo sindicato e também a não pagarem as contribuições sindicais.
Em relação as denúncias, que são serias e refletem na atual situação do sindicato, o Blog entende que uma devassa precisa ser feito nas finanças da entidade para apurar onde foi parar os valores das taxas arrecadados com as empresas pelas atuações dos árbitros em diversas competições amadoras em 2019 e denunciar na justiça os responsáveis pelos desvios, caso tenham ocorrido. Jogar a sujeira para debaixo do tapete e deixar cair no esquecimento enfraquecera ainda mais a entidade que hoje, sucateada, agoniza pelos desmandos de dirigentes que contam com a passividade e subserviência dos árbitros em cobrar os administradores que pode levar a uma impunidade pelos supostos desvios e má administração do patrimônio da categoria.