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quinta-feira, 26 de maio de 2022

Após AVC, Cel. Magalhães é demitido da Comissão de Arbitragem da FMF

Cel. Altair Magalhães - Crédito: Vanessa Moreno

O título da matéria é forte, mas na arbitragem, a nomenclatura é utilizada pelos dirigentes para explicar o afastamento das escalas de árbitro quando este comete algum deslize e é afastado das escalas.  Neste caso não houve qualquer explicação, mas retrata fielmente o ocorrido com o então presidente da comissão de arbitragem da Federação Mato-grossense de Futebol, Cel. Altair das Neves Magalhães, 75 anos, no cargo desde 2006 e exonerado no último dia 16 de maio.

A demissão de qualquer funcionário, respeitando as leis vigentes em nosso país, é decisão exclusiva da entidade e devemos respeitar, mas neste caso demonstra uma profunda desumanidade tendo em vista que o demitido sofreu AVC (Acidente Vascular Cerebral) no do ano, ficou 20 dias na UTI entre a vida e a morte e desde então tenta se recuperar da enfermidade. Segundo informações, Cel. Magalhães está visivelmente debilitado, com psicológico abalado, falando com dificuldades, em cima de uma cama com braço e perna direita paralisados, fazendo uso de cadeira de rodas e andador para se locomover.

Vale frisar que quando sofreu o AVC, o dirigente ocupava a presidência da comissão e preparava a arbitragem local para as atividades deste ano, mas após o infortúnio e até o presente momento, o diretor de competições, Diogo Carvalho vem comandando interinamente a comissão.

O Blog não conseguiu contatar Cel. Magalhães. Também procurou a FMF para que esta falasse sobre a demissão do dirigente, mas a entidade não se manifestou até o fechamento do post.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Entendendo as escolhas dos árbitros para a Copa do Mundo de 2022

Raphael Claus e Wilton Pereira Sampaio - Crédito: Reprodução Internet

Tenho ouvido e lido muitas opiniões sobre as indicações dos árbitros brasileiros para a Copa do Mundo de 2022. Pelo tempo que tenho no futebol posso também emitir as minhas e o farei com base em contatos diversos, desde integrantes de comissões estaduais, nacional, ex-dirigentes do apito e pela mídia.

Antes, porém, é importante lembrar que Wilson Seneme, ex-presidente da comissão de arbitragem da Conmebol, ainda é um dos dez membros do Comitê de Arbitragem da FIFA, portanto, ao contrario do que muitos pensam, um dos principais responsáveis por tais indicações por motivos óbvios.

Como ocorre na CBF, que recebe os árbitros vindo das Federações, o mesmo se dá na Conmebol que recebe os selecionados pela CBF para o quadro internacional, assim, Seneme acompanhou todo processo desde quando assumiu o lugar de Carlos Alarcon em Agosto de 2016.

Em 2018, Seneme deve ter avalizado a indicação de Sandro Ricci, hoje comentarista da TV Globo e pode elogiar ou criticar as decisões dos seus antigos companheiros e chefe do apito; Emerson Carvalho, que é cotado para integrar a comissão nacional; Marcelo Van Gasse e Wilton Sampaio, árbitro de vídeo no mundial de 2018.

Antes quero falar de quem não foi escolhida, a Edina Alves, primeira mulher a atuar numa competição masculina da FIFA, o Mundial de Clubes 2020, que devido a pandemia, só foi disputado em 2021. Ela não vai porque a FIFA decidiu que não levaria mais de uma ‘árbitra’ por país, já que apenas seis irão. Edina perdeu a vaga para a catarinense Neuza Back, com um currículo invejável de mais de uma centena de jogos, sem qualquer virgula, na principal competição do país.

Falando dos indicados, o currículo dos árbitros Rafael Claus e Wilton Sampaio, que passaram pelo processo com aval de Seneme, começou desde 2019:

Ambos estiveram na Copa América 2019 e 2021, com os assistentes Rodrigo Correa, Kleber Gil (2019) e Bruno Pires e Danilo Manis (2021) e foram escalados para a rodada decisiva das eliminatórias, com Claus atuando na partida Argentina x Equador e Wilton Sampaio na partida Venezuela x Colômbia.

Até sair a lista, todos, inclusive eu, apostavam que iria apenas um deles, tanto que Sérgio Corrêa, o ex-manda-chuva mais longevo do apito deu uma longa e rara entrevista na Rádio Bandeirantes quando opiniou: “são dois árbitros de qualidade e experiência e gostaria de ver os dois no Mundial, mas que normalmente a FIFA só levava uma e que Collina apostaria na experiência de uma copa, portanto poderia dar Wilton Sampaio”.

Clique aqui e confira a entrevista a partir do minuto 24.30 do vídeo:

Sete décadas depois

A última vez que tivemos dois árbitros foi em 1950, com o Brasil sediando e perdendo a Copa na presença de 200 mil brasileiros no Maracanã e sete décadas depois o fato se repete.

Assistentes seleccionados para Copa Catar - Credito: Reprodução Internet

Os assistentes escolhidos foram os que acompanhavam Claus e Sampaio em jogos pela Conmebol e pela FIFA e os nomes do goiano Bruno Pires, do carioca Rodrigo Corrêa já eram esperados. O paranaense Bruno Boschilia (primo do falecido Dulcidio) e o paulista de Tatui, Danilo Manis foram as surpresas. Já Neuza Inês Back maior surpresa ainda, pois em nenhum momento foi cogitada.

Brasil, Inglaterra e Portugal sem VAR

Como todos sabem e Seneme em suas entrevistas sempre repete que tanto a FIFA, a Conmebol, como a CBF, apostam em nomes que tenham larga experiência com VAR e decidam no campo.

Isto se comprova até nas escalas das Séries A e B do Brasileiro, com árbitros FIFA e os candidatos para o escudo em 2023 atuando sem cessar e aqui faço um parêntesis sobre a cobrança, antes sistemática das entidades dos árbitros da comissão nacional não designar árbitros do norte e nordeste silenciaram. Qual seria o motivo?

No Brasil, a ferramenta começou em 2019 e pelo número elevado de árbitros no campo e para atender outros países, o sacrificado foi um dos três que disputavam uma vaga: Péricles Bassols, Rafael Traci e Wagner Reway. Os escolhidos foram árbitros do Chile (Julio Bascunan), Colômbia (Nicolas Gallo), Venezuela (Juan Soto), Uruguai (Leodan Gonzales) e Argentina (Mauro Vigliano).

Em resumo, o Brasil vai levar sete árbitros, sendo que de São Paulo vai o trio Raphael Claus, Danilo Manis e a importada e competente Neuza Back que ocupa a vaga que seria destinada ao VAR.

Quase um século para as mulheres terem vez na arbitragem

Aliás, a seleção das seis mulheres em uma Copa do Mundo quebra um paradigma de 92 anos. Num próximo momento, vamos falar um pouco de cada uma delas... e também quem sabe, pelo andar da carruagem, de uma possível 'Marta' jogando com a 10 da seleção brasileira masculina. Esse dia chegara. Quem viver, verá!

Na Copa, imagino a primeira escala do Raphael Claus, com Danilo Manis, Neuza Back e Wilton Sampaio e na primeira do Sampaio, com Rodrigo Correa, Bruno Boschillia e Claus, na reserva.

Uma escolha técnica e eles, segundo a Conmebol, foram os melhores para merecer o prêmio de árbitros mundialistas e aqui registro meus parabéns e desejo de boa sorte a todos para que possam representar dignamente nossa arbitragem na maior competição futebolística do mundo.

Opinião pessoal

Para mim, Raphael Claus é sem duvidas o melhor árbitro do país desde que passou a ostentar o escudo FIFA em 2015. O invejável currículo dele é de conhecimento de todos que estão lendo este post e não preciso descrever. Já Sampaio sempre teve altos e baixos, foi mais mediador que árbitro picotando as partidas ao longo de sua carreira. Felizmente, neste ano vem atuando de forma diferente, com mais coragem e deixando a partida seguir sem paralisar a todo instante e marcando falta por qualquer esbarrão. Portanto a indicação dos dois são merecidas.

Já os assistentes, Neuza Back, a surpresa da lista, sem comentários, seu currículo fala por si. A mulher maravilha, com o perdão do trocadilho por conta da  cidade onde ela residiu em Santa Catarina, faz historia e a indicação é mais que merecida. Já o carioca Rodrigo Correa, o mesmo que foi punido por quatro meses pela FIFA por ter esquecido de levar as bandeiras para uma partida das eliminatórias entre Chile e Argentina, foi indicado por meritocracia, pois o ´palmito', como é conhecido na arbitragem, é um excelente assistente. Bruno Pires outra merecida indicação, pois é ótimo assistente. Por sua vez, Bruno Boschilia e Danilo Manis entram na cota do 'estar no lugar certo na hora certa'. São bons assistentes, mas sem cacife o suficiente para uma Copa do Mundo.

Finalizando deixo uma sugestão para o retorno deles: que suas taxas possam ter um acréscimo de 50% em todos os jogos pelo fato de serem mundialistas. Isto sim seria um reconhecimento por todo sacrifício deles durante a carreira e serviria como objetivo a ser alcançado pelos demais que sonham um dia apitar em uma Copa do Mundo.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Federação Catarinense reelege Rubens Angelotti para mandato 2023/27

Marco Martins, ex-árbitro e ex-presidente da ANAF, também foi reeleito como um dos cinco vices

Rubens Angelotti - Crédito: FCF

A Federação Catarinense de Futebol (FCF) realizou no dia 30 de Abril, eleição da nova Diretoria e do Conselho Fiscal e por aclamação, o presidente Rubens Angelotti foi reeleito presidente para o mandato de 12 de abril de 2023 a 12 de abril de 2027.

A assembleia Geral Ordinária de Eleição foi realizada na sede da entidade em Balneário Camboriú, inaugurada em dezembro de 2008. A chapa eleita, “Inovação, Respeito e Transparência”, foi composta com o presidente Rubens Angelotti e seus cinco vice-presidentes: Carlos Fernando Crispim, Guilherme Cecchin, Marco Antonio Martins, Paulo Cesar Gonçalves e Ricardo Viana Hoffmann.

O Conselho Fiscal ficou formado pelos membros efetivos Antonio Carlos Censi Pimentel, Enio Gomes e Rodrigo Vieira Gallotti Nunes, e com os membros suplentes Ademar Ramthum, Osni José Contesini e Waldir Waldemiro Weinrich.

Assembleia de eleição - Crédito: FCF

Rubens Renato Angelotti é natural de Curitiba, capital do Paraná, e foi diretor de futebol do Criciúma Esporte Clube até 2012. Em 2015 foi eleito vice-presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF) e assumiu a presidência substituindo Delfim Pádua Peixoto Filho, que veio a falecer no acidente aéreo com a delegação da Chapecoense em 2016. Em 2018, foi eleito presidente da FCF com mandato de 2019 a 2023.

“Assumi a Federação Catarinense de Futebol de forma inesperada e com uma responsabilidade grande. Foi um período de adaptação e aprendizado. Mantenho o meu compromisso de ajudar nossos clubes e ligas, de histórias memoráveis, a continuar vencendo os desafios que virão. Manteremos a dedicação, a lealdade e o respeito a todos” - destacou o presidente após ser reeleito ao site da entidade.

A FCF conta em sua estrutura diretiva com cinco vice-presidentes, sendo que um deles é Marco Antônio Martins, ex-árbitro do quadro local e da CBF e ex-presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF).

Presidente e vices eleitos - Crédito: FCF

Martins, que é um dos vices do atual mandato, preside desde meados de 2017, o departamento de arbitragem da entidade, onde vem realizando bom trabalho, principalmente na revelação de novos árbitros. Foi na sua gestão que o árbitro Ramon Abatti teve oportunidades para se firmar vindo a atuar em finais local e apitar grandes jogos pela Série A do Campeonato Brasileiro.

Sob seu comando e com total apoio do presidente Angelotti, também foram revelados Diego Cidral, Luiz Tisne entre outros tantos com talento que estão tendo oportunidades e logo farão parte da elite do futebol catarinense e brasileiro.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Você sabe quanto ganha um árbitro de futebol na Copa do Brasil de 2022?

Valor inicial de 2.3 por jogo ultrapassa 11 mil nas finais

Troféu da Copa do Brasil, concedido pela CBF - Crédito: Lucas Figueiredo/CBF

A Copa do Brasil, criada em 1989, disputada pelos clubes dos 26 estados brasileiros e pelo Distrito Federal, é uma competição nacional disputada nos moldes da Copa da Inglaterra, Taça de Portugal, Copa do Rei, Copa da Escócia, entre outras pelo mundo.

Inicialmente a Copa do Brasil foi disputada por 32 clubes, passou para 40 e cresceu até chegar em 69 no ano de 2000. Em 2001 passou a ter 64, número que se manteve até 2012. A partir de 2013, passou a ser disputada por 86 equipes e entre 2017 e 2020, foi disputada por 91 equipes. A partir de 2021, começou a ser disputada por 92 equipes, números que se mantém atualmente.

Como de costume, a Copa do Brasil será muito rentável para os clubes em 2022. A Confederação Brasileira de Futebol aumentou os valores em comparação a temporada passada. O campeão deste ano, por exemplo, receberá R$ 60 milhões, um incremento de R$ 4 milhões em relação à última edição, e o vice, R$ 25 milhões. Somando as fases anteriores, o vencedor pode embolsar um total de R$ 80 milhões.

Mas e os árbitros? Quantos ganham os profissionais para comandar partidas tão importantes, não só a nível esportivo, mas também financeiro. Segundo documento interno da CBF, obtido com exclusividade pelo Blog, as taxas de arbitragem têm valores insignificantes levando em consideração todo contexto da competição envolvendo prêmios aos clubes e salários dos jogadores, mas quantia bem razoável levando em consideração a importância do árbitro para o espetáculo, que inclusive pode ser realizado sem ele, e salário médio de um trabalhador comum.

Vamos aos números.

Na primeira e segunda fase da competição, o árbitro básico, recebe R$ 2.300,00 por jogo. Já o FIFA recebe R$ 2.720,00 e o assistente fica com 60% destes valores conforme sua categoria.

Por sua vez o quarto árbitro básico recebe R$ 575,00 e o FIFA R$ 680,00. O analista de campo recebe o mesmo valor pago ao quarto árbitro básico.

Os valores tem acréscimos conforme avança a competição. Na terceira fase a competição passa a contar com os clubes que disputam a Copa Libertadores.

Nas duas partidas finais, que serão disputadas nos dias 12 e 19 Outubro, os valores das taxas serão três vezes mais que o da fase inicial. Caso seja escalado um árbitro do quadro básico, possibilidade bem remota, este recebera R$ 7.980,00 enquanto um árbitro FIFA ficara com R$ 11.070,00 reais.

Veja os números completos abaixo.

Diárias e deslocamentos

As diárias variam de R$ 110,00 (até 100 km) a R$ 750,00 (acima 800 KM). Em caso de arbitragem local para clássico estadual, as diárias serão de R$ 750,00 reais em razão da obrigatoriedade de hospedagem um dia antes para equipe de arbitragem.

Os árbitros ainda receberão a título de deslocamento o valor de R$ 140,00 reais se residir em estado diferente de onde se realizara a partida e R$ 70,00 reais se local. As viagens com automóveis, serão ressarcidas com valor de R$ 0,80 por KM no trajeto ida e volta, mais pedágios. Caso viagem juntos, o valor será de R$ 1,50 por km rodado.

Segundo o documento, o árbitro VAR FIFA só recebera taxa equivalente a função quando estiver atuando na VOR. Caso esteja atuando em campo, recebera valores como árbitro básico. 

ANAF e os reajustes

O que disse a ANAF - Associação Nacional dos Árbitros de Futebol -: Segundo seu presidente, Salmo Valentim, a entidade solicitou, através de oficio, aumento de 50% em todas as taxas das competições nacionais.

"Faz-se necessária uma revisão do reajuste nas taxas de arbitragem. O aumento promovido em 2022 foi inferior ao praticado na temporada passada (5%) e ficou muito aquém da inflação nos últimos 12 meses (11,73%). A proposta é para que o reajuste imediato seja de 50% e extensivo a todos os profissionais do quadro nacional. Também pedimos a equiparação das taxas. No caso, para que assistentes, 4º árbitro, árbitro de vídeo e AVAR recebam o mesmo valor do árbitro central. É preciso considerar que um dos aspectos fundamentais para a motivação profissional é o retorno econômico e que o futebol brasileiro paga a menor taxa de arbitragem entre as principais ligas do mundo na atualidade".

Segundo apurado, a CBF não respondeu a ANAF até o fechamento desta matéria.