O jogo ente Bayern de Munique x Borussia Dortmund foi um
belo espetáculo, futebol de altíssima qualidade, um show de organização e um
cerimonial que todos nós desejaríamos ver por aqui na América do sul, a final,
quem não se arrepia com o hino da Champions tocado antes dos jogos?
Mas foi só o jogo
e os aspectos que mencionei que serve de exemplo para o Brasil, país da próxima
copa? Claro que não! A belíssima arbitragem comandada por Nicola Rizzoli me
trouxe uma reflexão que põe em cheque a forma com que os presidentes que
passaram pela CONAF, pensam a renovação do quadro FIFA e o futuro da arbitragem
no Brasil.
Na manhã do jogo estava lendo o Blog do Gaciba, e lá tina
um perfil de Rizzoli, aliás, com algumas falhas, mas foi bom que dei uma
pesquisada e vou repassar para vocês abaixo a ficha completa do apitador.
Nicola Rizzoli é arquiteto, nasceu em Mirandola, uma província que fica em Modena na Itália. Completará 42 anos no próximo dia 05 de outubro. Estreou na
série A do seu país em 2002, entrou para o quadro da FIFA em 2007 e em 2011 foi eleito o melhor árbitro da Itália. Esteve
no Mundial Interclubes de 2011 quando apitou Santos 3x1 Kashiwa Reysol. Apitou a final da
Liga Europa, antiga Copa UEFA em 2010 Atletico Madrid (ESP) 2x1 Fulham (ING). Já apitou 26 jogos da Liga dos Campeões sendo que a primeira foi em 2008. Ao todo foram 63 Jogos Internacionais e é
um dos pré-selecionados para a Copa do Mundo de 2014 que será disputada em nosso
país.
Esse moço com esses pré-requisitos acaba de apitar a final da liga dos campeões e
vai apitar a Copa do Mundo, mas será que isso aconteceria se Nicola
Rizzoli fosse brasileiro? Lógico que
não! Hoje no Brasil pensa-se em renovação como quem vai pegar um árbitro com 25
anos e por na FIFA para dizer, “esse eu ensinei”, todo presidente de comissão
quer ser o pai da criança, que a cada dia esta mais criança.
Brasil erra há muito tempo
Se voltarmos no tempo, o Brasil já vem errando na formação dos
apitadores há muito tempo, quando em 97 indicou Paulo César de Oliveira para
FIFA, Armando Marques ficou fascinado com a bela atuação do árbitro num jogo
Sport x Vasco onde o mesmo marcou quatro pênaltis. Os mais entusiastas dizem
que foram todos corretos, como eu tenho a minha opinião, acho que em pelo menos
dois deles houve um certo exagero. Aliás, PC vive deste jogo até hoje, pois apitar
futebol não apita há muito tempo. Salvo algum engano, ele nunca foi premiado como melhor árbitro do Campeonato Paulista e nem do Brasileiro.
O que se viu depois na carreira daquele
menino recém saído de trás dos balcões de uma pequena
mercearia em Cruzeiro, interior de São Paulo, foi um árbitro em formação, com
pouca idade, com um escudo FIFA aprendendo a apitar na serie A do
brasileiro, o que refletiu em sua carreira internacional que acabou não
acontecendo. Muito por falta de maturidade nos torneios em que foi designado.
Com os presidentes seguintes a coisa piorou, Edson
Rezende criou varias normas para uma renovação abrupta e lançou nomes sem
preparo em varias partidas. Com Sérgio Correa não foi diferente, dando
sequencia em uma renovação por idade e não por qualidade, o que se viu foram
árbitros saídos da “maternidade” indo
direto para os jogos.
Lembro-me de um caso especial, em 2009 o carioca Rodrigo
Nunes Sá caiu de paraquedas na final do carioca e Sérgio Corrêa nas semanas
seguintes colocou o inexperiente apitador que é dono de um excelente preparo
físico para apitar a série A, Avaí x Atlético MG. Tudo em nome da FIFA e dos
testes físicos e o que aconteceu? Não aconteceu! Rodrigo travou, muitos a sua
volta enchiam sua bola e o chamavam de futuro FIFA. Ele subiu no salto, achou
que apitava mais do que realmente apita, acabando em um declínio vertiginoso. O
fundo do poço foi o famoso cai-cai ao melhor estilo Neymar, cena lamentável
quando simulou uma agressão na serie D do Brasileiro em partidas disputada no
Paraná (Operário-PR 3x0 Mirassol-SP).
Na ocasião, Rodrigo Sá relatou que o lateral do time paranaense tinha atingido sua testa com o dedo de raspão e alegou ter caído no chão quando tentou se esquivar do jogador. Veja o vídeo acima com as cenas lamentável.
Mas como as lições não são aprendidas, Aristeu Tavares quando assumiu a CA-CBF subiu
nos tamancos e continuou o mesmo caminho e pior, cometeu um verdadeiro crime
quando trocou um quadro de aspirantes no meio do ano e pela segunda vez. Assunto amplamente debatido aqui. O coronel do apito como ficou conhecido galgou
o paraense Dewson Fernando a aspirante FIFA com apenas um punhado de jogos e
sem respeitar os pré-requisitos do RGA. Também tivemos nessa mesma gestão, assistentes vindos do
nada que foram para o mesmo quadro.
Tudo poderia e seria pior ainda devido a soberba e arrogância de
Aristeu se não fosse a famosa entrevista de Goiânia que para sua infelicidade,
chegou até o Apitonacional. Daí para sua queda, foi questão de horas, pois
a pá de cal já tinha sido jogada.
Renovações FIFA pelo mundo
Quando escrevo sobre algum assunto, procuro pesquisar
antes para depois não ter que me retratar, seguindo esse ensinamento fiz então uma pesquisa no site da
FIFA e descobri que as renovações e ascensões vêm acontecendo pensando no
futuro. Muitos árbitros não tem chegado aos 45 anos, sem chances futuras tem
saído antes, caso do colombiano Oscar Ruiz, Jorge Larrionda do Uruguai e do brasileiro Sálvio Spínola que enveredaram por outros caminhos diferentes ou mesmo dentro da arbitragem. Mas não quem sai e sim quem entra que
chama a atenção.
No final de 2012, as listas FIFA do ano seguinte, no caso
para 2013, foram enviadas pelos países a FIFA, a brasileira teve um membro que destoou,
Rodrigo Figueiredo que aos 29 anos e com poucos jogos, saiu do
CBF-1 direto para o quadro da FIFA para aprender a bandeirar (lembro que a promoção a
aspirante e a lista enviada a FIFA foram na mesma data), mas países como:
Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai colocaram árbitros nascidos em 1975 e
1976, optando pelos “novos experientes”.
O que chama atenção é que 1975 é o ano de nascimento dos
assistentes aspirantes do Brasil que saíram para criar um vácuo, ou seja, um
espaço para a subida de Rodrigo, ou alguém tem dúvida que o Fabiano Ramires do Espírito
Santo não poderia ser FIFA diante de suas belas atuações que inclusive foram elogiadas
por Aristeu Tavares.
O que vemos então é uma renovação errada, somente
pensando na idade é que o Brasil amarga críticas e não tem chegado a lugar nenhum.
Na Europa vários países têm árbitros que entraram na FIFA aos 38 anos, a Itália
é um dos países assim como a Inglaterra, Alemanha, França, Espanha e outros, indo ao encontro do que disse Máximo Bussacca: “Nós queremos árbitros na idade
certa”, frase que foi criticada por Aristeu Tavares no encontro em Goiânia
quando de sua explanação inicial.
Então vendo o resultado internacional do Brasil e dos
outros países, quem esta certo?
Copa 2018 só árbitros até 42 anos
Na Rússia, quando da Copa do Mundo, só árbitros até 42
anos atuarão, e o quadro FIFA do Brasil tem membros que já não vão ter idade
para o tal, fato que fatalmente levará a uma renovação forçada e aí é que se
deve pensar, arriscar um inexperiente ou fazer como os outros países, buscar
opções seguras. Este dilema deve passar na cabeça de Antônio Pereira e Nilson
Monção, única certeza é que mudanças precisarão acontecer se não vamos ficar
para trás mais do que já estamos.
Lista de árbitros do Brasil sem idade para Rússia, ou seja, nascidos antes de 1976 em laranja:
Parafraseando o atual presidente da comissão que diz: ”prefiro
o árbitro feito no forno de lenha ao do forno de micro ondas”, deixo no ar:
Renovação
é necessária, mas temos que ter cuidado, pois renovação sem qualidade pode
levar o Brasil em um futuro próximo a ficar sem um árbitro na Copa. Será que
teremos árbitros na Rússia? Se continuarmos com esta politica creio que não.
Frase: "É tempo de renovação, é tempo de aceitar que
o passado não pode ser esquecido e nem vivido novamente". (Diana
Corvinus).