Advogados e Magistrado agridem árbitra
verbalmente em competição da OAB
A árbitra Elaina Larisse
Frutuoso Cestari, do quadro de árbitros da Federação Amazonense de Futebol
(FAF), foi cercada, recebeu leve empurrão na altura da clavícula e sofreu
seguidas agressões verbais por parte de 15 jogadores, todos eles advogados e
membros da OAB-AM, quando atuava, no último sábado (28), como quarta árbitra na
Copa dos Advogados do Amazonas, na partida Apelação 0x2 Modus Operandi.
Tudo isso consta no
relatório da quarta árbitro da partida. O incidente ocorreu após uma jogada
polêmica, em que um pênalti não teria sido marcado para a equipe do Apelação
que, fazendo jus ao nome, apelaram de forma exorbitante e desproporcional.
Irritados com a não marcação, os jogadores/advogados foram tomar satisfação com
a quarta árbitra Larisse Frutuoso, acusando-a de não ter corrigido a decisão do
árbitro principal da partida, Halbert Luis Baia, também do quadro CBF e por
informações ao árbitro que resultaram em punição com cartão amarelo para um
jogador e cartão vermelho para o técnico que invadiram o campo de jogo.
Após o gol, o vídeo mostra a confusão e a quarta árbitra bastante exaltada e de dedo em riste repetindo a frase:
“Ele tocou em mim, ele tocou em mim, ele tocou em mim”.
O Blog apurou em conversa
com a quarta árbitra, que você pode ouvir no vídeo mais abaixo, que o citado como ´ele´ teria sido o jogador número 90, Neto Hagge, como consta na sumula da
partida. A árbitra também relata que o vídeo foi cortado no exato momento em
que sofre o toque em seu corpo que a deixou visivelmente transtornada e
ofendida na honra pelo abuso e falta de respeito.
Segundo o relato da
quarta árbitro (veja final da matéria), os jogadores Almir Prestes (33), José Mario Presidente (76),
Neto Hagge (90), Diego Nunes Silva (22), Bruno Machado Lima (3), Thales Simões
(39) e Luís Márcio Albuquerque a cercaram e proferiram diversos xingamentos e ofensas
em tom misóginos atingindo sua honra, dignidade e decoro.
Cita ainda em seu relato
a quarta árbitra que o jogador de número 90 (Neto Hagge) deus duas cutucadas na
altura da clavícula a empurrando no que se sentiu agredida no ato.
O vídeo também mostra o
jogador número 18, que segundo a sumula é Luís Márcio Nascimento Albuquerque,
bastante exaltado e com gestos exagerados insultando e exercendo forte,
excessiva e desproporcional pressão na quarta árbitra.
No seu relatório, a
quarta árbitra disse que Luís Márcio ofendeu a arbitragem dizendo que a equipe
era horrível, eram uns ‘merdas’ entre outras ofensas tratando a arbitragem com
desdém e menosprezo na tentativa de humilhar a equipe dizendo que ele era magistrado
e os árbitros não eram ninguém.
O Blog apurou que o
jogador número 18 é Luiz Márcio Nascimento Albuquerque, Juiz titular da 2.ª
Vara do Juizado Especial Cível de Manaus.
Segundo relatos
(relatório e áudio da quarta árbitra), a situação se agravou quando o treinador
e um jogador do banco de reservas invadiram o campo protestando a não marcação
do pênalti. Larisse, cumprindo suas funções, orientou que ambos retornassem
para fora de campo. Contudo, ao relatar o ocorrido ao árbitro central, as
agressões começaram. A confusão se espalhou rapidamente com os
jogadores/advogados atacando verbalmente Larisse.
“Desde o minuto zero
estavam me desrespeitando”, relata a quarta árbitra.
O Blog entrou em contato com Elaina Larisse para que ela falasse sobre o ocorrido. Ouça abaixo.
O que fica evidente
baseado nas imagens do vídeo e relato da quarta árbitra é a agressividade dos
jogadores, todos eles advogados, que demonstraram falta de postura, de educação
e descontrole emocional não respeitando a profissional do apito que, por si só
seria o suficiente e pior por se tratar de uma mulher.
Pelo informado, tinham três ´homens´ na equipe de arbitragem, mas pelas imagens e ausência dos mesmos na cena das agressões, nenhum deles foi mais homem do que ela.
A pergunta que fica é se
esses aqui jogadores, mas advogados nos tribunais, agem assim, de dedo em riste confrontando o magistrado de forma agressiva e ameaçadora nos tribunais
quando perdem uma ação e se o juiz também desrespeita as pessoas, ou as chamam
de ‘merda’ em seu tribunal.
Também lamentar a postura
passiva e sem autoridade do árbitro da partida, que faz parte do quadro CBF,
que a todo momento finge não ver e nem ouvir a pressão e as agressões verbais
contra sua companheira de trabalho não tomando atitude condizente com a situação
e clima tenso no momento. Sua postura covarde contribuiu decisivamente para que
a quarta árbitra, que desempenhou sua função com coragem e profissionalismo,
fosse ofendida e agredida conforme descrito no seu relatório.
É importante destacar que
Elaina Larisse Frutuoso Cestari, além de árbitra, também é advogada assim como
seus agressores, inclusive com atuação desde 2018 no TJD/AM. O fato de
compartilharem a mesma profissão não impediu o desrespeito e a tentativa de intimidação,
que, segundo Larisse, teve um claro viés de gênero.
O Blog entrou em contato com a Liga de Futebol dos Árbitros do Amazonas (LFAA) e com a OAB/AM - Ordem dos Advogados do Brasil - para que comentassem as denúncias, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para quem foi citado e queira se pronunciar e este post será atualizado caso isso ocorra.
Crédito: Imagens e vídeos Canal Esportes AM e LFAA
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