Federação amazonense vendeu camisas
falsificadas e contrabandeadas aos árbitros
A arbitragem brasileira
não é para amadores e, com raríssimas exceções, dirigida por incompetentes e
espertalhões. Fatos ocorrem com frequência em diversas federações para
comprovarem a má gestão, autoritarismo e subserviência dos árbitros e de
entidades (sindicatos, associações etc.) que deveriam representa-los.
Tempos atrás, este Blog
denunciou a revenda de camisas falsificadas na CEAF baiana (leia), fato
admitido na época pelo próprio presidente da comissão de arbitragem como se isso fosse
algo normal. Não, não é normal e sim no mínimo um crime e para escancarar o
conluio ou outro motivo provavelmente nada puritano, o denunciado continua no
cargo até hoje com a benção de Ricardo Nonato Macedo de Lima, presidente da FBF e ex-homem forte
da CBF.
O Blog tem o conhecimento
que o fato se repete em várias federações do país, mas poucos tem a coragem,
mesmo que anonimamente, de denunciar com as devidas provas. Felizmente, no
Amazonas, isso não ocorreu. O Blog recebeu a denúncia e checou com dirigentes e
vários árbitros que terão seus nomes preservados para não sofrerem mais ainda
com ameaças e represálias.
O paradoxo na Federação
Amazonense de Futebol (FAF) é surreal. Enquanto a entidade confirma o árbitro
Raphael Claus, do quadro FIFA, para apitar abertura da terceira edição da Copa
da Floresta 2025, oprime seus árbitros obrigando, através de comunicado oficial
datado em 22 de maio do presente ano, comprarem camisas para treinamentos.
Detalhe: segundo apurado, as camisas são pirateadas e contrabandeadas da Guiana
Britânica que faz divisa com nosso país naquele estado.
Esta não é a primeira vez
que Ednailson Rozenha, mais que também poderia ser conhecido como ‘Resenha’,
Deputado Estadual, presidente da FAF e eleito recentemente vice-presidente da
CBF, usa a estrutura da entidade e a arbitragem para se promover importando
árbitros famosos de outros estados, com elevado custos. Ele vem repetindo o ato
promocional desde que foi eleito na federação em meados de 2022. Em 2023, a
final foi conduzida por Edina Alves Batista. Já em 2024 o escolhido como
outdoor e cabo eleitoral, inclusive com direito a desfile em carro aberto pela
cidade, foi o gaúcho Anderson Daronco.
Vale frisar que a ida desses árbitros para esses jogos festivos com fins eleitoreiros tem custos elevadíssimo, cerca de 20 mil reais em média, segundo informação de uma fonte dentro da FAF.
Enquanto isso, árbitros
do quadro local, além de receberem taxas insignificantes comparadas com a dos
importados e são obrigados a comprarem uniformes para atuarem no estadual e
para treinamentos, como comprova uma portaria da FAF que o Blog teve acesso com
exclusividade.
Mas a situação é pior
ainda. O Blog apurou que as camisas de treino que os árbitros foram obrigados a
comprarem, supostamente foram contrabandeadas cometendo crime fiscal como
descaminho, evasão fiscal e sonegação de impostos e para piorar ainda mais, as
camisas seriam pirateadas da marca Nike, vindas como muamba da cidade de
Lethem*, na Guiana Britânica.
*Lethem: cidade da Guiana na fronteira com Roraima é paraíso de compras de produtos falsificados e baratos.
A informação que a relação entre Rodrigo Novaes, secretário da FAF e Resenha não anda nada boa e um rompimento pode ocorrer a qualquer momento. Pelo apurado, Novaes vem sendo cozinhado desde a demissão do ex-presidente da CEAF Weden Cardoso. O comentário geral nos bastidores seria que uma suposta armação teria encerrado o curto período de Weden no cargo.
Os árbitros relataram ao
Blog que o clima é de desconfiança e o pior possível. Que estão com medo de
represálias e intimidados por conta de uma suposta perseguição por parte dos
dirigentes. Alguns disseram até que foi oferecido uma recompensa para quem apontasse
o responsável pelo vazamento da informação.
Demissão de Weden Cardoso
O Blog está coletando e checando informações sobre a saída repentina de Weden da CEAF amazonense. Procurado, o ex-árbitro não quis falar sobre o assunto, mas matérias na imprensa (leia) dão conta que o afastamento teria ocorrido após denúncias de desvios de verbas na comissão de arbitragem e acusações de assédio contra uma árbitra que faz parte do quadro de árbitros e da instituição.
O próprio presidente da FAF teria confirmado as denúncias. “Abrimos um processo na Comissão Disciplinar da Federação. Semana passada afastamos preventivamente para melhor apuração. As denúncias são reais, mas ele já está afastado”, teria dito Rozenha a imprensa local.
Conheço Weden Cardoso e ficaria muito surpreso caso esta denuncia se confirme. Nos bastidores, as informações dão conta que as denuncias seriam falsas e não passaria de uma suposta armação para retirá-lo do cargo.
O que já foi apurado é que o caso é muito grave, que o ex-árbitro, que esta internado em um hospital desde então, ficou muito abalado com as acusações, esta muito doente com depressão profunda e correndo risco de vida.
Aqui minhas preces para que seja forte, se recupere, enfrente as adversidades, pois é a única saída e que volte a alegria que sempre blindou a todos nós que tivemos o prazer de conhece-lo.
O que eles disseram
O Blog entrou em contato, via WhatsApp, com Rodrigo Novaes, Secretário Geral e agora presidente da Comissão de Arbitragem da FAF que, gentilmente retornou o contato e falou sobre todas as denuncias.
“A gente assumiu a pedido do presidente por conta de uma situação aqui com o Waden. Tivemos árbitro e assistente estreando na Série A do Brasileiro e duas ou três pessoas que estão dentro da arbitragem, que nem atuam muito, não se preocupam em falar as coisas boas e só se preocupam em tentar denigrir a imagem de uma forma pequena” – disse Novaes.
Sobre a denúncia das camisas falsificadas e pirateadas Rodrigo Novaes disse que terceirizou para um membro da comissão, o ex-árbitro e ex-dirigente da associação de árbitros do amazonas, Celso Mota Rezende a compra das camisas de treino, mas que não tinha conhecimento que seria nas condições que ocorreu, ou seja, falsificadas e produto de contrabando.
O dirigente ainda disse
que Coloral, como Celso é mais conhecido, informou que tinha nf das camisas e que elas passaram pelo posto da
alfandega da Policia Federal. Disse também que este fato não vai mais se
repetir, pois a Ceaf/Am não vai mais permitir ou vender camisas.
“O Celso me garantiu que
não houve superfaturamento, que pagou passagens para ir comprar as camisas e
que e vendeu as camisas por um valor próximo das despesas, mas independente de
quem esteja certo ou errado, eu garanto que foi a ultima vez. Estou dando a
palavra aqui que isso não vai mais existir e serve de aprendizado para a gente
que está entrando agora. Foi a primeira e última vez que isso aconteceu e
serviu para a gente aprender e não vai mais ocorrer” – disse Rodrigo ao Blog.
Sobre os árbitros pagarem
para participarem da pré-temporada, informou que ainda não estava no comando da
comissão e que na próxima os árbitros nada pagarão.
Sobre árbitros de fora
disse que a vinda da Edina e Daronco não foram na sua gestão e que na vinda do
Claus, apenas cumpriu ordens.
Sobre sua relação com
Rozenha informou que é a melhor possível, que são amigos pessoais e que
inclusive trabalha com ele na política e que encara sua participação na CEAF
como uma missão dada.