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quinta-feira, 8 de março de 2018

O CRUCIFICADO!
Desde o ultimo domingo (4) a arbitragem cearense vive uma polêmica criada pelo movimento realizado pelos árbitros para boicotar os jogos do Fortaleza. Na segunda (5), os apitadores voltaram atrás na decisão e jogaram a culpa em um áudio vazado do presidente do sindicato dos árbitros, João Lucas, como a principal razão.
Mas o que realmente aconteceu? Quem esta falando a verdade? Quem liderou o movimento e porque a culpa do fracasso foi jogada em cima do presidente do sindicato? 
Blog do Marçal foi atrás das respostas, apurou os fatos, ouviu árbitros, dirigentes, colheu provas e o apurado mostra que entre rompantes, preconceitos, mentiras, fogo amigo e traições, a arbitragem cearense mostra que divisões profundas ainda estão enraizadas, que como ferida, sangra desde as ultimas duas eleições que colocaram o atual presidente à frente do sindicato, algo que muitos não engoliram e não vão engolir tão cedo!
Avelar Rodrigo, apontados como principal líder do movimento - Foto: Youtube
O que ficou provado através de áudios, fotos e depoimentos, foi que o movimento inicial era contra o veto e a arbitragem de fora, mas quando os árbitros deram conta que cometiam um erro por conta do regulamento prever a situação, mudaram os motivos e enfraquecidos buscaram um motivo para terminar o movimento de forma honrosa e usaram o áudio vazado como argumento e salvação para todos e agora querem crucificar seu presidente, que entrou como convidado e esta saindo como principal culpado!
Cronologia
Segunda-feira, 26 de fevereiro: A comissão de arbitragem da FCF convocou os árbitros para reunião técnica. Em um determinado momento, foi informado aos árbitros que a equipe do Fortaleza tinha vetado o árbitro César Magalhães e que pediria árbitro de fora para o clássico-rei. Os árbitros ficaram revoltados com a informação e um deles, Avelar Rodrigo, principal opositor ao atual presidente do sindicato, pediu a palavra e teria surgido a partir dai o movimento para não atuarem mais nos jogos do Fortaleza. Como ato seguinte, ficou decidido que buscariam apoio do sindicato e escolheram o árbitro César Magalhães para entrar em contato com a entidade de classe solicitando apoio para o movimento.
Terça-feira, 27 de fevereiro: Como a reunião terminou muito tarde, na manhã seguinte foi feito contato via telefone com o presidente do sindicato relatando a situação, que até aquele momento era devido à arbitragem de fora e o veto, tanto é que queriam incluir a equipe do Ferroviário por este ter vetado o árbitro Leo Simão. Em nenhum momento foi falado sobre as ofensas dos dirigentes. Foi marcado reunião no sindicato à noite para tratar do assunto.
O Blog conseguiu, com exclusividade através de uma fonte, print de uma conversa de whatsapp onde um dos lideres informa preliminarmente João Lucas que o veto e arbitragem de fora eram os motivos do movimento. 

Obs. Nota-se que a mensagem foi enviada de manhã, bem antes da reunião no sindicato que foi realizada a noite (veja abaixo).
Após o contato, preocupado e aflito com a argumentação dada para o movimento - sendo que o veto poderia ser administrado e arbitragem de fora faz parte do regulamento - o presidente ligou para Manoel Moita, que é seu amigo, ex-árbitro e foi seu vice-presidente no mandato passado, pedindo opinião. Em um determinado momento mandou um áudio que foi usado depois como motivo para o fim do movimento.
Durante a reunião no sindicato a noite entre o presidente, seu vice, Marcio Torres e o representante dos árbitros, quando questionado os motivos, César Magalhães mudou o informado de manhã dizendo que os motivos não eram o veto e arbitragem de fora e sim as ofensas dos dirigentes do Fortaleza. Definido os motivos, Marcio Torres e Magalhães elaboraram o oficio com a lista dos árbitros que apoiavam o movimento e definiram como estratégia a sexta-feira seguinte (02/03) como data a ser protocolado o documento na Federação e no STJD.
Sexta-feira, 02 de março: Oficio anexada com com lista dos árbitros foi protocolada na Federação Cearense de Futebol com copia ao TJD-CE.
Oficio redigido pelo vice-presidente do sindicato e pelo representante dos árbitros
Domingo, 04 de março: Devido ao clássico-rei o movimento ganhou repercussão sendo veiculado em diversos veículos de comunicação do país, incluindo o Apitonacional (leia) que fez matéria completa exibindo documentos do movimento.
Obs. O Blog apurou que logo após o movimento vir a publico, diversos árbitros locais e até mesmo de outros estados do país, entraram em contato com a CEAF-CE se oferecendo para apitar os jogos. Ou seja, fizeram o mesmo que a arbitragem cearense fez com a arbitragem do Piauí quando anos atrás apitaram jogos naquele estado durante um  movimento semelhante.
Segunda-feira, 05 de março: Decretado o fim do movimento em reunião da comissão com os árbitros durante os treinamentos físicos realizado na capital. Com argumentos frágeis, o movimento perdia força a cada hora e o surgimento do áudio vazado foi o motivo salvador e festejado pelos lideres para decretar o fim do movimento jogando toda a culpa no presidente do sindicato.
Dando ênfase maior que o necessário aos comentários no áudio, os árbitros cogitam até mesmo destituir João Lucas da presidência do sindicato como o grande culpado pelo movimento desnecessário e encobrir assim o erro praticado por eles mesmos.
O áudio
Como relatado acima, João Lucas enviou, na terça-feira de manhã, logo após ser contatado por César Magalhães, áudio de whatsapp ao ex-árbitro Manoel Moita, que por sua vez repassou a Flavio Peixoto, antigo funcionário da Federação Cearense de Futebol que teria repassado a sua chefia e aos árbitros.
Detalhe: O áudio era particular, foi passado em confiança e o ato de repassar ou compartilhar com outras pessoas esta sendo visto como uma traição.
No áudio João Lucas diz que o movimento partiu do árbitro Avelar Rodrigo - confirmado por outros em off - que segundo ele e, confirmado por alguns árbitros também em off, é uma pessoa sem equilíbrio emocional, sem visão futura dos acontecimentos e capaz de atitudes intempestivas. Apesar de deixar bem claro no áudio que era contra o movimento pelos motivos alegados estarem previsto no regulamento, o dirigente insinua que tem que apoiar pra não sofrer criticas no futuro e chama os árbitros de 'abestados' por seguirem os rompantes de Avelar.
A expressão 'abestado', muito usada no nordeste e pelo comediante Tiririca que, fora do contexto foi pura ingenuidade do sindicalista, dentro define com exatidão a atitude dos árbitros que como maria vai com as outras, -  outra expressão popular usada para se referir a uma pessoa que demonstra não ter opinião ou vontade própria – seguiram opiniões sem qualquer base legal e pouco tempo depois tiveram que voltar atrás. 
Ouça abaixo o áudio.
O que disseram
Como sempre, procurei dar o espaço para as pessoas citadas nas matérias, neste post não foi diferente. Veja abaixo o que eles disseram.
João Lucas, presidente do sindicato, disse que no primeiro contato a informação repassada foi que o veto e a arbitragem de fora eram os motivos do movimento, que ele era contra, que argumentou nesse sentido, mas que, como representantes deles, teve que apoiar o movimento.
Com relação ao áudio ele disse que foi desabafar com um amigo e não sabe por qual motivo ele repassou a conversa para terceiros. Disse também que aprendeu de forma dolorosa com o episódio, que não se pode confiar em ninguém e que o ocorrido servirá de aprendizado para o futuro.
Manoel Moita disse que houve um mal entendido, que é um empresário do ramo têxtil e não precisa andar com fofocas. Disse também que enviou o áudio para uma pessoa da Federação (Flávio Peixoto) de quem ele e João Lucas são amigos. Moita ainda acrescentou que a maioria dos árbitros não engole o fato de João Lucas ser presidente do sindicato.

Manoel Moita e o áudio vazado
Flavio Peixoto, funcionário da Federação que supostamente passou o áudio para dirigentes da FCF e para os árbitros. Em um primeiro momento, de forma visivelmente assustado e percebendo que tinha feito coisa errada, informou que não falaria nada e só se comunica com pessoas de 'alto gabarito' e com quem conhece anexando uma foto ao lado do narrador global Galvão Bueno.

"Preconceito e alto gabarito" - Flávio Peixoto com Galvão Bueno
Ao ser questionado de forma mais direta dos motivos de repassar o áudio, enviou texto onde de forma ameaçadora disse pertencer a Policia Civil, ser Oficial de Justiça e representante da Federação Cearense de Futebol. Por fim, o sisudo senhor, de forma preconceituosa e desmedida, insinuou uma relação homossexual entre mim e João Lucas colocando figuras emotions de veados no final do texto.
Repudio veemente o comentário deste senhor que ao longo da vida não aprendeu respeitar seu semelhante e lamento que uma das federações de futebol mais importante do país mantenha a tanto tempo em seu quadro uma pessoa tão preconceituosa. O comentário deste senhor toma carona na inaceitável e retrograda muleta do pensamento homofóbico, que a entidade deveria extirpar do seu quadro.
Espero que este senhor reflita e reveja sua postura no tratamento com seu semelhante para que este comentário lamentável nunca mais se repita e que o comentário trate de um equivoco humano de um infeliz e que não seja uma postura homofóbica corriqueira (veja abaixo).

  
  
 
Paulo Silvio, presidente da comissão de arbitragem cearense disse que o assunto não dizia respeito à Federação, que no caso do árbitro não querer atuar em jogos do Fortaleza que orientava para que pedisse dispensa através do portal do árbitro no site da Federação e caso fosse dispensa coletiva que orientava os mesmos a procurar o sindicato para receberem maiores informações.
Obs. Apurei que durante todo o processo do movimento do veto, a CEAF cearense, diferentemente de outros tempos, agiu sempre com maior discrição, sem ameaças ou algo no sentido acuando os árbitros, respeitando os regulamentos e a categoria.  
Apesar das tentativas, não consegui contatar Avelar Rodrigo, que terá espaço garantido caso queira se pronunciar.

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