O CRUCIFICADO!
Desde o ultimo domingo (4) a arbitragem cearense vive uma polêmica criada pelo movimento realizado pelos árbitros para boicotar os jogos do Fortaleza. Na segunda (5), os apitadores voltaram atrás na decisão e jogaram a culpa em um áudio vazado do presidente do sindicato dos árbitros, João Lucas, como a principal razão.
Mas o que realmente aconteceu? Quem esta falando a verdade? Quem liderou o movimento e porque a culpa do fracasso foi jogada em cima do presidente do sindicato?
O Blog do Marçal foi atrás das respostas, apurou os fatos, ouviu árbitros, dirigentes, colheu provas e o apurado mostra que entre rompantes, preconceitos, mentiras, fogo amigo e traições, a arbitragem cearense mostra que divisões profundas ainda estão enraizadas, que como ferida, sangra desde as ultimas duas eleições que colocaram o atual presidente à frente do sindicato, algo que muitos não engoliram e não vão engolir tão cedo!
Avelar Rodrigo, apontados como principal líder do movimento - Foto: Youtube
O que ficou provado através de áudios, fotos e depoimentos, foi que o movimento inicial era contra o veto e a arbitragem de fora, mas quando os árbitros deram conta que cometiam um erro por conta do regulamento prever a situação, mudaram os motivos e enfraquecidos buscaram um motivo para terminar o movimento de forma honrosa e usaram o áudio vazado como argumento e salvação para todos e agora querem crucificar seu presidente, que entrou como convidado e esta saindo como principal culpado!
Cronologia
Segunda-feira, 26 de fevereiro: A comissão de arbitragem da FCF convocou os árbitros para reunião técnica. Em um determinado momento, foi informado aos árbitros que a equipe do Fortaleza tinha vetado o árbitro César Magalhães e que pediria árbitro de fora para o clássico-rei. Os árbitros ficaram revoltados com a informação e um deles, Avelar Rodrigo, principal opositor ao atual presidente do sindicato, pediu a palavra e teria surgido a partir dai o movimento para não atuarem mais nos jogos do Fortaleza. Como ato seguinte, ficou decidido que buscariam apoio do sindicato e escolheram o árbitro César Magalhães para entrar em contato com a entidade de classe solicitando apoio para o movimento.
Terça-feira, 27 de fevereiro: Como a reunião terminou muito tarde, na manhã seguinte foi feito contato via telefone com o presidente do sindicato relatando a situação, que até aquele momento era devido à arbitragem de fora e o veto, tanto é que queriam incluir a equipe do Ferroviário por este ter vetado o árbitro Leo Simão. Em nenhum momento foi falado sobre as ofensas dos dirigentes. Foi marcado reunião no sindicato à noite para tratar do assunto.
O Blog conseguiu, com exclusividade através de uma fonte, print de uma conversa de whatsapp onde um dos lideres informa preliminarmente João Lucas que o veto e arbitragem de fora eram os motivos do movimento.
Obs. Nota-se que a mensagem foi enviada de manhã, bem antes da reunião no sindicato que foi realizada a noite (veja abaixo).
Obs. Nota-se que a mensagem foi enviada de manhã, bem antes da reunião no sindicato que foi realizada a noite (veja abaixo).
Após o contato, preocupado e aflito com a argumentação dada para o movimento - sendo que o veto poderia ser administrado e arbitragem de fora faz parte do regulamento - o presidente ligou para Manoel Moita, que é seu amigo, ex-árbitro e foi seu vice-presidente no mandato passado, pedindo opinião. Em um determinado momento mandou um áudio que foi usado depois como motivo para o fim do movimento.
Durante a reunião no sindicato a noite entre o presidente, seu vice, Marcio Torres e o representante dos árbitros, quando questionado os motivos, César Magalhães mudou o informado de manhã dizendo que os motivos não eram o veto e arbitragem de fora e sim as ofensas dos dirigentes do Fortaleza. Definido os motivos, Marcio Torres e Magalhães elaboraram o oficio com a lista dos árbitros que apoiavam o movimento e definiram como estratégia a sexta-feira seguinte (02/03) como data a ser protocolado o documento na Federação e no STJD.
Sexta-feira, 02 de março: Oficio anexada com com lista dos árbitros foi protocolada na Federação Cearense de Futebol com copia ao TJD-CE.
Oficio redigido pelo vice-presidente do sindicato e pelo representante dos árbitros
Domingo, 04 de março: Devido ao clássico-rei o movimento ganhou repercussão sendo veiculado em diversos veículos de comunicação do país, incluindo o Apitonacional (leia) que fez matéria completa exibindo documentos do movimento.
Obs. O Blog apurou que logo após o movimento vir a publico, diversos árbitros locais e até mesmo de outros estados do país, entraram em contato com a CEAF-CE se oferecendo para apitar os jogos. Ou seja, fizeram o mesmo que a arbitragem cearense fez com a arbitragem do Piauí quando anos atrás apitaram jogos naquele estado durante um movimento semelhante.
Segunda-feira, 05 de março: Decretado o fim do movimento em reunião da comissão com os árbitros durante os treinamentos físicos realizado na capital. Com argumentos frágeis, o movimento perdia força a cada hora e o surgimento do áudio vazado foi o motivo salvador e festejado pelos lideres para decretar o fim do movimento jogando toda a culpa no presidente do sindicato.
Dando ênfase maior que o necessário aos comentários no áudio, os árbitros cogitam até mesmo destituir João Lucas da presidência do sindicato como o grande culpado pelo movimento desnecessário e encobrir assim o erro praticado por eles mesmos.
O áudio
Como relatado acima, João Lucas enviou, na terça-feira de manhã, logo após ser contatado por César Magalhães, áudio de whatsapp ao ex-árbitro Manoel Moita, que por sua vez repassou a Flavio Peixoto, antigo funcionário da Federação Cearense de Futebol que teria repassado a sua chefia e aos árbitros.
Detalhe: O áudio era particular, foi passado em confiança e o ato de repassar ou compartilhar com outras pessoas esta sendo visto como uma traição.
No áudio João Lucas diz que o movimento partiu do árbitro Avelar Rodrigo - confirmado por outros em off - que segundo ele e, confirmado por alguns árbitros também em off, é uma pessoa sem equilíbrio emocional, sem visão futura dos acontecimentos e capaz de atitudes intempestivas. Apesar de deixar bem claro no áudio que era contra o movimento pelos motivos alegados estarem previsto no regulamento, o dirigente insinua que tem que apoiar pra não sofrer criticas no futuro e chama os árbitros de 'abestados' por seguirem os rompantes de Avelar.
A expressão
'abestado', muito usada no nordeste e pelo comediante Tiririca que, fora do
contexto foi pura ingenuidade do sindicalista, dentro define com exatidão a
atitude dos árbitros que como maria vai com as outras, - outra
expressão popular usada para se referir a uma pessoa que
demonstra não ter opinião ou vontade própria – seguiram opiniões sem
qualquer base legal e pouco tempo depois tiveram que voltar atrás.
Ouça abaixo o áudio.
O que disseram
Como sempre, procurei dar o espaço para as pessoas citadas nas matérias, neste post não foi diferente. Veja abaixo o que eles disseram.
João Lucas, presidente do sindicato, disse que no primeiro contato a informação repassada foi que o veto e a arbitragem de fora eram os motivos do movimento, que ele era contra, que argumentou nesse sentido, mas que, como representantes deles, teve que apoiar o movimento.
Com relação ao áudio ele disse que foi desabafar com um amigo e não sabe por qual motivo ele repassou a conversa para terceiros. Disse também que aprendeu de forma dolorosa com o episódio, que não se pode confiar em ninguém e que o ocorrido servirá de aprendizado para o futuro.
Manoel Moita disse que houve um mal entendido, que é um empresário do ramo têxtil e não precisa andar com fofocas. Disse também que enviou o áudio para uma pessoa da Federação (Flávio Peixoto) de quem ele e João Lucas são amigos. Moita ainda acrescentou que a maioria dos árbitros não engole o fato de João Lucas ser presidente do sindicato.
Manoel Moita e o áudio vazado
Flavio Peixoto, funcionário da Federação que supostamente passou o áudio para dirigentes da FCF e para os árbitros. Em um primeiro momento, de forma visivelmente assustado e percebendo que tinha feito coisa errada, informou que não falaria nada e só se comunica com pessoas de 'alto gabarito' e com quem conhece anexando uma foto ao lado do narrador global Galvão Bueno.
"Preconceito e alto gabarito" - Flávio Peixoto com Galvão Bueno
Ao ser questionado de forma mais direta dos motivos de repassar o áudio, enviou texto onde de forma ameaçadora disse pertencer a Policia Civil, ser Oficial de Justiça e representante da Federação Cearense de Futebol. Por fim, o sisudo senhor, de forma preconceituosa e desmedida, insinuou uma relação homossexual entre mim e João Lucas colocando figuras emotions de veados no final do texto.
Repudio veemente o comentário deste senhor que ao longo da vida não aprendeu respeitar seu semelhante e lamento que uma das federações de futebol mais importante do país mantenha a tanto tempo em seu quadro uma pessoa tão preconceituosa. O comentário deste senhor toma carona na inaceitável e retrograda muleta do pensamento homofóbico, que a entidade deveria extirpar do seu quadro.
Espero que este senhor reflita e reveja sua postura no tratamento com seu semelhante para que este comentário lamentável nunca mais se repita e que o comentário trate de um equivoco humano de um infeliz e que não seja uma postura homofóbica corriqueira (veja abaixo).
Paulo Silvio, presidente da comissão de arbitragem cearense disse que o assunto não dizia respeito à Federação, que no caso do árbitro não querer atuar em jogos do Fortaleza que orientava para que pedisse dispensa através do portal do árbitro no site da Federação e caso fosse dispensa coletiva que orientava os mesmos a procurar o sindicato para receberem maiores informações.
Obs. Apurei que durante todo o processo do movimento do veto, a CEAF cearense, diferentemente de outros tempos, agiu sempre com maior discrição, sem ameaças ou algo no sentido acuando os árbitros, respeitando os regulamentos e a categoria.
Apesar das tentativas, não consegui contatar Avelar Rodrigo, que terá espaço garantido caso queira se pronunciar.
Apesar das tentativas, não consegui contatar Avelar Rodrigo, que terá espaço garantido caso queira se pronunciar.
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