A banalização e o uso político do escudo
FIFA
Na última quarta-feira (3) foi divulgado
a lista dos árbitros FIFA para temporada 2024. O que chama atenção é a falta de
critérios nas escolhas e meritocracia dos promovidos. Banalizaram o escudo da
categoria mais cobiçado do mundo e cada vez mais o fator QI (quem indica) e a
influência política vale mais para a promoção que a experiência e a capacidade
técnica dentro das quatro linhas.
O resultado não poderia ser outro.
Quadro inexpressivo, árbitros sem qualidades técnicas e a maioria incapaz de
apitar grandes jogos, por mais difícil
que seja, como exige o escudo de elite e dos dez árbitros do quadro FIFA, dois
ou três no máximo são requisitados para jogos internacionais e os demais,
muitos deles, sequer são escalados em jogos importantes da Série A do
Brasileiro.
No quadro feminino, a situação é ainda
pior, muito delas, mesmo com escudo no peito sequer atuaram em uma partida da
Série A do Brasileiro. A catarinense Charly Wendy Straud Deretti que entrou no
quadro CBF em 2018 e na FIFA em 2020, é uma delas.
Quem sai
No masculino, Wagner do Nascimento
Magalhães, do Rio de Janeiro e Sávio Pereira Sampaio, do Distrito Federal,
deixam o quadro. Magalhães nunca justificou o escudo internacional e é um
daqueles casos que ninguém, que tenha o mínimo de conhecimento de arbitragem,
entende sua indicação ao quadro internacional, a não ser por política. O carioca
atuou em quatorze partidas da Série A na temporada passada, nenhuma delas
clássico ou partida importante da rodada e em boa parte delas, saiu de campo
sob críticas.
A atuação desastrosa na partida Santos e
Coritiba, pela 29ª do brasileiro do ano passado, certamente foi a pá de cal que
faltava para sua saída da FIFA. Depois das lambanças cometidas na partida, foi
para a geladeira ficando sete rodadas sem ser escalado e quando o castigo
acabou, só atuou em mais três jogos, todos eles da Série B. Não fara falta ao
quadro FIFA e muito menos se encerrar a carreira.
Já Sávio Pereira Sampaio também não
justificou sua promoção no final de 2022. Foi surpresa quando entrou,
certamente por indicação política, e também surpresa a saída do quadro, pois
mesmo apresentando baixo desempenho nas partidas que atuou, entraria no segundo
ano como internacional e mais experiente e ambientado com escudo, poderia até
melhorar a performance e se não melhorasse, seria impossível piorar.
Na última temporada Sampaio atuou em
vinte partidas da Série A do Brasileiro. Não errou tanto como Magalhães, mas
recebeu muitas críticas na maioria das partidas, especialmente no confronto
entre Flamengo e Bahia quando foi corrigido pelo VAR diversas vezes.
Quem entra
Nas duas vagas abertas entram os
Rodrigos, o Pereira de Pernambuco e o Klein do Rio Grande do Sul. Não tem muito
que se falar dos dois a não ser que ambos têm quase que a mesma idade, 36 para
o pernambucano e 33 para o gaúcho e currículo bem parecidos que, com certeza,
não habilitaria os dois para ostentar um escudo FIFA se a indicação fosse por
meritocracia.
Não que os dois não tenham qualidades,
mas ainda não foram testados ou possuem experiências o suficiente para
ostentarem um escudo tão importante. Os dois estrearam na Série A do Brasileiro
em 2022 e coincidentemente as duas partidas terminaram empatadas. Rafael
Rodrigo Klein na 30ª rodada, no empate por 1 a 1 entre Athletico Paranaense e
Fortaleza e Rodrigo José Pereira de Lima na 37ª rodada, na partida Juventude
2x2 Flamengo.
Agora politicagem pura foi a indicação
irregular do baiano Diego Pombo para o VAR na vaga de Rafael Traci, paranaense
que mora em Curitiba, mas atua por Santa Catarina. O currículo de Pombo na
arbitragem é inexpressivo, mas fora da arbitragem o rapaz é um popstar com
direito a participação em reality show e vídeos se masturbando publicados na
internet (leia).
Sua indicação é um flagrante desrespeito
a circular 1857 da FIFA que diz no item 6 do documento - Condições de nomeação
-, na letra G, que ‘para fazer parte do quadro VAR internacional, o indicado
deve ter atuado em pelo 15 partidas da Série A do país’. Pombo só atuou em sete
(veja doc. abaixo).
Baseado no currículo de quem entre e de
quem sai, a promoção de Pombo dá uma dimensão de como é a comissão de
arbitragem da CBF. Ou seja, uma verdadeira casa da mãe Joana, que funciona a
deus dará e sob ordens dos baianos Ednaldo Rodrigues e Ricardo Lima, presidente
da Federação Bahiana de Futebol e braço direito do atual mandatário da CBF.
Ednaldo e Ricardo, os mesmos que teriam ordenado a entrada de Luanderson Lima
dos Santos no quadro FIFA no ano passado, mesmo ano que estreou na Série A,
fizeram de tudo para emplacar Pombo dentro de campo, mas como o galã erótico
não teve qualidades técnicas para se firmar, conseguiram arrumar uma vaguinha
pra ele no VAR. Luanderson e Pombo, pertencem ao quadro de árbitros da Bahia e
são apadrinhados por Ednaldo Rodrigues e Ricardo Lima, ex-presidente e atual
presidente da FBF, respectivamente nesta ordem.
Como informação, enquanto Diego Pombo
atuou em sete partidas como VAR na temporada passada, Traci atuou em trinta e
três e fica evidente a troca pelo fator política no velho e eficaz ‘manda quem
pode, obedece quem tem juízo’.
Também foram promovidos a mato-grossense
Fernanda Kruger e a gaúcha Maíra Mastella Moreira, como árbitras assistentes.
A partir deste ano, o Brasil passará a
contar com 60 integrantes no quadro FIFA, entre árbitros de futebol, futsal e
beach soccer. Serão 17 árbitros de campo, 19 assistentes, 12 árbitros
assistentes de vídeo, oito de futsal e quatro de beach soccer.
Confira abaixo a lista completa:
ÁRBITROS
Anderson Daronco
Bráulio Silva Machado
Bruno Arleu de Araújo
Flavio Rodrigues de Souza
Paulo Cesar Zanovelli da Silva
Rafael Rodrigo Klein
Ramon Abatti Abel
Raphael Claus
Rodrigo José Pereira de Lima
Wilton Pereira Sampaio
Andreza Helena Siqueira
Charly Wendy Straud Deretti
Daiane Caroline Muniz dos Santos
Deborah Cecilia Cruz Correia
Edina Alves Batista
Rejane Caetano da Silva
Thayslane de Melo Costa
Árbitros Assistentes
Alex Ang Ribeiro
Bruno Boschilia
Bruno Raphael Pires
Danilo Ricardo Simon Manis
Fabrício Vilarinho da Silva
Guilherme Dias Camilo
Luanderson Lima dos Santos
Nailton Junior Sousa Oliveira
Rafael da Silva Alves
Rodrigo Figueiredo Henrique Correa
Anne Kesy Gomes de Sá
Barbara Roberta da Costa Loiola
Brígida Cirilo Ferreira
Fabrini Bevilaqua Costa
Fernanda Kruger
Fernanda Nandrea Gomes Antunes
Leila Naiara Moreira da Cruz
Maíra Mastella Moreira
Neuza Inês Back
Árbitros Assistentes de Vídeo
Daniel Nobre Bins
Diego Pombo Lopez
Igor Junio Benevenuto de Oliveira
José Cláudio Rocha Filho
Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro
Rodolpho Toski Marques
Rodrigo D’alonso Ferreira
Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral
Rodrigo Nunes de Sá
Wagner Reway
Charly Wendy Straud Deretti
Daiane Caroline Muniz dos Santos
Árbitros de Futsal
Alfredo Carlos Wagner
Felipe de Fabio Ventura
Guilherme Schwinden Gehrke
Ricardo Amaral Messa
Aline Santos Nascimento
Anelize Meire Schulz
Juliana Caroline Angelo
Paula Kamila Silva Cirilo
Árbitros de Beach Soccer
Lucas Estevão
Luciano Andrade
Mayron Frederico Reis Novais
Paula Madeira Liberato
Deixo meus parabéns aos que foram
promovidos e desejo boa sorte nessa nova etapa da vida profissional de cada um
que, independentemente de meritocracia ou política, certamente é a realização
de um sonho e torço para que não se tornem ‘pavões’, pois, com raríssimas
exceções, é o que acontece com todo árbitro no primeiro ano de internacional
quando a soberba atinge o topo e passam a dar mais atenção ao escudo que as
partidas que estão arbitrando. O resultado disso quase que sempre termina em
lambanças, pois o escudo abre portas e te leva até dentro de campo, mas não
apita a partida pra você.
Também deixo meus parabéns aos que permaneceram no quadro e torço para que tenham resiliência para se adaptarem e resistirem ao sistema que manipula e joga pesado sem dó de ninguém.
Obs. Os comentários acima são direcionados aos profissionais de arbitragem, jamais no campo pessoal ou diretamente a qualquer cidadão ou cidadã que merece respeito.
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