Pesquisar este blog

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Ação milionária de ex-membro da Comissão de Arbitragem da CBF no TRT/RJ é adiada

Testemunha da CBF, Alicio Pena Jr. falta a audiência e decisão de ação de 1 milhão de reais fica para dezembro

Nilson Monção - Credito: CBF

A ação trabalhista (0100655-84.2022.5.01.0024) movida pelo ex-membro da Comissão Nacional de Arbitragem, Nilson de Souza Monção, contra a CBF – Confederação Brasileira de Futebol -, foi novamente adiada. Desta vez o motivo do adiamento da audiência de conciliação, que estava marcada anteriormente para janeiro deste ano e ocorreria na última quarta-feira (9), foi por conta do não comparecimento de Alício Pena Junior, funcionário e testemunha de defesa da entidade. Alicio não compareceu por ter realizado cirurgia  recentemente da vesícula e sem a testemunha de defesa, o julgamento foi adiado novamente, desta vez para ocorrer no dia 09/12/2024.

Assim a CBF vai protelando uma decisão da justiça e jogando pra frente mais uma derrota iminente nos tribunais como tem ocorrido nos casos semelhantes já julgados.

Na citação da nova data, a Juíza Flavia Buaes Rodrigues, advertiu aos citados que arcarão com multa de R$500,00 em caso de ausência injustificada na próxima audiência que será de instrução.

Almir Alves de Mello e Erica Gonçalves Krauss, testemunhas de acusação desta ação, já ganharam suas ações na primeira instancia, mas como faz em todo processo, a CBF recorreu e aguardam decisão de segunda instancia.

A parte acusatória reclama da falta de respeito de seus antigos companheiros, que não atendem telefone, não respondem mensagens e poderiam ter avisado que não iriam comparecer na audiência e assim evitar transtornos para todos que deixaram seus afazeres para comparecerem no tribunal.

O processo que teve início em setembro de 2022 tem valor da causa em R$ 1.003.334,00 e corre na 24ª Vara do Trabalho do TRT da 1ª Região-RJ.

Demitidos

A CBF demitiu em abril de 2022, dez pessoas que faziam parte do departamento de arbitragem da entidade. Entre elas, um dos nomes mais antigos da estrutura, Sérgio Corrêa, então responsável pelo VAR.

Corrêa estava na CBF havia 16 anos. Entrou em 2006 e no ano seguinte assumiu a presidência da Comissão Nacional, ficando até 2012. De 2012 até 2014 se ausentou da presidência, passando a ser diretor do departamento de arbitragem. De 2014 até 2016 foi novamente presidente. De 2016 até a demissão, permaneceu na entidade em outros cargos, entre eles o de responsável pela implantação do VAR.

Nilson Monção, Wilson Seneme e Sérgio Corrêa - Crédito: Conmebol

Também foram dispensados Manoel Serapião, Coronel Marcos Marinho, Cláudio Cerdeira, José Mocellin, Nilson Monção, José Roberto Wright, Almir Alves de Mello, Marta Magalhães e Érika Krauss.

As demissões foram a pedido de Wilson Seneme, que tinha sido recém-empossado como presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.

Com exceção de Sérgio Corrêa, os demais demitidos acionaram a entidade na justiça em busca de direitos trabalhistas. Pelo menos duas ações já foram julgadas em primeira instancia, com vitória dos demitidos, e se encontra em grau de recurso em segunda instancia. As demais aguardam julgamentos na morosa justiça brasileira.


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Advogados e Magistrado agridem árbitra verbalmente em competição da OAB

Quarta árbitra Elaina Larisse sofrendo pressão de jogadores/advogados

A árbitra Elaina Larisse Frutuoso Cestari, do quadro de árbitros da Federação Amazonense de Futebol (FAF), foi cercada, recebeu leve empurrão na altura da clavícula e sofreu seguidas agressões verbais por parte de 15 jogadores, todos eles advogados e membros da OAB-AM, quando atuava, no último sábado (28), como quarta árbitra na Copa dos Advogados do Amazonas, na partida Apelação 0x2 Modus Operandi.

Tudo isso consta no relatório da quarta árbitro da partida. O incidente ocorreu após uma jogada polêmica, em que um pênalti não teria sido marcado para a equipe do Apelação que, fazendo jus ao nome, apelaram de forma exorbitante e desproporcional. Irritados com a não marcação, os jogadores/advogados foram tomar satisfação com a quarta árbitra Larisse Frutuoso, acusando-a de não ter corrigido a decisão do árbitro principal da partida, Halbert Luis Baia, também do quadro CBF e por informações ao árbitro que resultaram em punição com cartão amarelo para um jogador e cartão vermelho para o técnico que invadiram o campo de jogo.

Após o gol, o vídeo mostra a confusão e a quarta árbitra bastante exaltada e de dedo em riste repetindo a frase: 

“Ele tocou em mim, ele tocou em mim, ele tocou em mim”.

O Blog apurou em conversa com a quarta árbitra, que você pode ouvir no vídeo mais abaixo, que o citado como ´ele´ teria sido o jogador número 90, Neto Hagge, como consta na sumula da partida. A árbitra também relata que o vídeo foi cortado no exato momento em que sofre o toque em seu corpo que a deixou visivelmente transtornada e ofendida na honra pelo abuso e falta de respeito.

Segundo o relato da quarta árbitro (veja final da matéria), os jogadores Almir Prestes (33), José Mario Presidente (76), Neto Hagge (90), Diego Nunes Silva (22), Bruno Machado Lima (3), Thales Simões (39) e Luís Márcio Albuquerque a cercaram e proferiram diversos xingamentos e ofensas em tom misóginos atingindo sua honra, dignidade e decoro.

Cita ainda em seu relato a quarta árbitra que o jogador de número 90 (Neto Hagge) deus duas cutucadas na altura da clavícula a empurrando no que se sentiu agredida no ato.

O vídeo também mostra o jogador número 18, que segundo a sumula é Luís Márcio Nascimento Albuquerque, bastante exaltado e com gestos exagerados insultando e exercendo forte, excessiva e desproporcional pressão na quarta árbitra.

No seu relatório, a quarta árbitra disse que Luís Márcio ofendeu a arbitragem dizendo que a equipe era horrível, eram uns ‘merdas’ entre outras ofensas tratando a arbitragem com desdém e menosprezo na tentativa de humilhar a equipe dizendo que ele era magistrado e os árbitros não eram ninguém.

O Blog apurou que o jogador número 18 é Luiz Márcio Nascimento Albuquerque, Juiz titular da 2.ª Vara do Juizado Especial Cível de Manaus.

Luís Márcio Albuquerque - Crédito: Chico Batata/ TJAM

Segundo relatos (relatório e áudio da quarta árbitra), a situação se agravou quando o treinador e um jogador do banco de reservas invadiram o campo protestando a não marcação do pênalti. Larisse, cumprindo suas funções, orientou que ambos retornassem para fora de campo. Contudo, ao relatar o ocorrido ao árbitro central, as agressões começaram. A confusão se espalhou rapidamente com os jogadores/advogados atacando verbalmente Larisse.

“Desde o minuto zero estavam me desrespeitando”, relata a quarta árbitra.

O Blog entrou em contato com Elaina Larisse para que ela falasse sobre o ocorrido. Ouça abaixo.

O que fica evidente baseado nas imagens do vídeo e relato da quarta árbitra é a agressividade dos jogadores, todos eles advogados, que demonstraram falta de postura, de educação e descontrole emocional não respeitando a profissional do apito que, por si só seria o suficiente e pior por se tratar de uma mulher.

Pelo informado, tinham três ´homens´ na equipe de arbitragem, mas pelas imagens e ausência dos mesmos na cena das agressões, nenhum deles foi mais homem do que ela.

A pergunta que fica é se esses aqui jogadores, mas advogados nos tribunais, agem assim, de dedo em riste confrontando o magistrado de forma agressiva e ameaçadora nos tribunais quando perdem uma ação e se o juiz também desrespeita as pessoas, ou as chamam de ‘merda’ em seu tribunal.

Elaina Larisse frutuoso - Crédito: arquivo pessoal

Também lamentar a postura passiva e sem autoridade do árbitro da partida, que faz parte do quadro CBF, que a todo momento finge não ver e nem ouvir a pressão e as agressões verbais contra sua companheira de trabalho não tomando atitude condizente com a situação e clima tenso no momento. Sua postura covarde contribuiu decisivamente para que a quarta árbitra, que desempenhou sua função com coragem e profissionalismo, fosse ofendida e agredida conforme descrito no seu relatório.

É importante destacar que Elaina Larisse Frutuoso Cestari, além de árbitra, também é advogada assim como seus agressores, inclusive com atuação desde 2018 no TJD/AM. O fato de compartilharem a mesma profissão não impediu o desrespeito e a tentativa de intimidação, que, segundo Larisse, teve um claro viés de gênero.

Relatório da quarta árbitra

O Blog entrou em contato com a Liga de Futebol dos Árbitros do Amazonas (LFAA) e com a OAB/AM - Ordem dos Advogados do Brasil - para que comentassem as denúncias, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para quem foi citado e queira se pronunciar e este post será atualizado caso isso ocorra.

Crédito: Imagens e vídeos Canal Esportes AM e LFAA