Omissão da
arbitragem
Por: Fernando Calazans
Reclamações dos
jogadores durante as partidas e os cercos para intimidar os árbitros estão
voltando ao nosso futebol
Aos poucos, assim como
quem não quer nada, as reclamações seguidas dos jogadores durante as partidas e
os cercos para intimidar os árbitros estão voltando ao nosso futebol. É uma
pena, porque a decisão de coibir essa irregularidade, que interrompe e mancha
os jogos a cada momento, foi uma das raras, raríssimas, medidas benéficas
tomadas pela CBF e sua comissão de arbitragem.
O mau costume já tinha se alastrado pelos nossos campos, até como uma atitude covarde de quatro, cinco jogadores de cada vez, cercando, pressionando e ameaçando os juízes, paralisando o jogo e diminuindo o tempo de bola rolando. Enfim, desvirtuando o espetáculo do futebol. Com a instrução da comissão de arbitragem para que os juízes aplicassem cartões amarelos nos jogadores que procedessem assim, o mau hábito desses jogadores chegou a diminuir bastante, em benefício do desenvolvimento natural das partidas, com menos interrupções e mais tempo de bola em jogo. Mesmo contando com a oposição daqueles que acham que jogadores de futebol podem fazer o que bem entenderem sem sofrer punição.
O mau costume já tinha se alastrado pelos nossos campos, até como uma atitude covarde de quatro, cinco jogadores de cada vez, cercando, pressionando e ameaçando os juízes, paralisando o jogo e diminuindo o tempo de bola rolando. Enfim, desvirtuando o espetáculo do futebol. Com a instrução da comissão de arbitragem para que os juízes aplicassem cartões amarelos nos jogadores que procedessem assim, o mau hábito desses jogadores chegou a diminuir bastante, em benefício do desenvolvimento natural das partidas, com menos interrupções e mais tempo de bola em jogo. Mesmo contando com a oposição daqueles que acham que jogadores de futebol podem fazer o que bem entenderem sem sofrer punição.
O problema é que, como
quase todas as medidas benéficas tomadas pelas nossas entidades esportivas, até
essa foi se desmanchando. Árbitros foram perdendo o rigor na obediência à nova
recomendação, e os jogadores já estão reclamando de tudo, de qualquer marcação,
certa ou errada, da arbitragem. Chega a ser constrangedor, por exemplo, ver um
jogador cometer a falta mais nítida, mais violenta, mais desleal e, em seguida
à marcação do juiz, sair reclamando, gesticulando e esbravejando, como se
tivesse sido vítima da mais grave injustiça. Ou os árbitros voltam a mostrar
rigor no combate às reclamações dos jogadores ou teremos mais um fator de
empobrecimento da qualidade dos jogos.
Não é só isso. No
aspecto geral, nossa arbitragem já está ruim há muito tempo e continua piorando
a cada ano. É impressionante como chegou a este ponto de absoluta falta de
critério. A impressão que se tem é que cada um, cada juiz, tem um critério
particular, diferente uns dos ouros, ou mesmo que não tem critério algum,
adotando julgamentos diferentes no mesmo jogo. Pode marcar uma falta aqui, pode
ignorar a mesma falta ali, assim como em momentos diferentes das partidas. A
impressão que se tem é que o árbitro marca ou deixa de marcar conforme sua
conveniência ou conforme a conveniência do jogo, dependendo da situação.
O maior exemplo de
todos, como estamos cansados de saber e de perceber, é a marcação, ou não, de
faltas e de pênaltis com bola na mão ou mão na bola. Não há observador que
consiga compreender a regra adotada por alguns juízes e não adotada por outros.
Trata-se de uma adivinhação.
Outra adivinhação é o
comportamento pessoal dos árbitros. Na última rodada do Brasileiro, Héber Roberto
Lopes deu um empurrão em Dudu, do Palmeiras, que, sabemos também, é um jogador
descontrolado. Mas por que não uma advertência dentro da regra? Ou será que
empurrões agora são permitidos no jogo de futebol? Héber Roberto Lopes, que já
foi juiz competente, de uns tempos para cá virou uma figura surpreendente, que
durante os jogo fala, conversa, bate papo, discute, briga e até empurra os
outros.
Numa rodada anterior, o
lateral Fágner, do Corinthians, deu uma entrada desclassificante em Éderson, do
Flamengo, que chamou a atenção de todos — menos de Héber Roberto Lopes, que nem
falta marcou. Em julgamento por causa dessa omissão, o árbitro foi absolvido
pela Justiça desportiva. Como “prêmio” pelo seu gesto incivilizado, Fágner foi
convocado por Tite para a seleção brasileira. Éderson está até hoje em
tratamento da contusão e sem previsão de volta ao futebol.
A omissão no combate à
violência dentro de campo é a falha mais grave da arbitragem brasileira, sem
que a CBF tome qualquer providência. Os árbitros devem ser exatamente os
responsáveis pela lisura do jogo e pelo dever de proteger aqueles que entram em
campo para jogar futebol de outros que entram para matar o jogo, as jogadas e
os adversários. A indiferença é, há tempos, a característica da arbitragem
brasileira em relação ao jogo sujo. E é a característica da CBF também.
Fonte: O Globo
Um comentário:
Processo No 0389602-62.2016.8.19.0001 contra vc?
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