Jornalista Miriam Leitão atacada por milicianos do PT
Jornalista relatou que
foram "duas horas de gritos, xingamentos" e "palavras de
ordem" contra ela e contra a TV Globo
No inicio deste mês, dia 3 de junho, durante
um voo da aérea Avianca de Brasília para o Rio de Janeiro, a jornalista Global
Miriam Leitão, 64 anos, (Jornal O Globo e GloboNews), foi agredida verbalmente,
de forma covarde, por um grupo de militantes petistas que, assim como ela
retornavam para o Rio de Janeiro.
Miriam denunciou o ocorrido
na sua coluna no Globo desta terça-feira (13). Leia abaixo seu relato.
O ÓDIO A BORDO
Por MIRIAM LEITÃO
"Sofri um ataque
de violência verbal por parte de delegados do PT dentro de um voo. Foram duas
horas de gritos, xingamentos, palavras de ondem contra mim e contra a TV Globo.
Não eram jovens militantes, eram homens, mulheres e representantes partidários.
Fui ameaçada, tive meu nome achincalhado e fui acusada de defender posições que
não defendo."
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Sábado, 3 de junho, o
voo 6237 da Avianca, das 19h05, de Brasília para o Santos Dumont, estava no
horário. O Congresso do PT em Brasília havia acabado naquela tarde e por isso
eles estavam ainda vestidos com camisetas do encontro. Eu tinha ido à Brasília
gravar o programa da GloboNews.
Antes de chegar ao
portão, fui comprar água e ouvi gritos do outro lado. Olhei instintivamente e
vi que um grupo me dirigia ofensas. O barulho parou em seguida, e achei que
embarcariam em outro voo.
Fui uma das primeiras a
entrar no avião e me sentei na 15C. Logo depois eles entraram e começaram as
hostilidades antes mesmo de sentarem. Por coincidência, estavam todos, talvez
uns 20, em cadeiras próximas de mim. Alguns à minha frente, outros ao lado,
outros atrás. Alguns mais silenciosos me dirigiram olhares de ódio ou risos
debochados, outros lançavam ofensas.
- Terrorista,
terrorista - gritara alguns.
Pensei na ironia. Foi
"terrorista" a palavra com que fui recebida em um quartel do
Exército, aos 19 anos, durante minha prisão na ditadura. Tantas décadas depois,
em plena democracia, a mesma palavra era lançada contra mim.
Uma comissária, a única
mulher na tripulação, veio, abaixou-se e falou:
- O comandante te
convida a sentar na frente.
- Diga ao comandante
que eu comprei a 15C e é aqui que eu vou ficar - respondi.
O avião já estava
atrasado àquela altura. Os gritos, slogans, cantorias continuavam, diante de
uma tripulação inerte, que nada fazia para restabelecer a ordem a bordo em
respeito aos passageiros.
Os petistas pareciam
estar numa manifestação.
Minutos depois, a
aeromoça voltou:
- A Polícia Federal
está mandando você ir para frente. Disse que se a senhora não for o avião não
sai.
- Diga a Polícia
Federal que enfrentei a ditadura. Não tenho medo. De nada.
Não vi ninguém da
Polícia Federal. Se esteve lá, ficou na porta do avião e não andou pelo
corredor, não chegou até a minha cadeira.
Durante todo o voo, os
delegados do PT me ofenderam, mostrando uma visão totalmente distorcida do meu
trabalho. Certamente não acompanham. Não sou inimiga do partido, não torci pela
crise, alertei que ela ocorreria pelos erros que estavam sendo cometidos.
Quando os governos do PT acertaram, fiz avaliações positivas e há vários
registros disso.
Durante o voo foram
muitas ofensas, e, nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular
esperando esperando a reação que eu não tive. Houve um gesto de tão baixo nível
que prefiro não relatar aqui. Calculavam que eu perderia o autocontrole. Não
filmei porque isso seria visto como provocação. Permaneci em silêncio. Alguns,
ao andarem no corredor, empurravam minha cadeira, entre outras grosserias.
Ameaçaram atacar fisicamente a emissora, mostrando desconhecimento histórico
mínimo: "quando eles mataram Getúlio o povo foi lá e quebrou a
Globo", berrou um deles. Ela foi fundada onze anos depois do suicídio de
Vargas.
O piloto nada disse ou
fez para restabelecer a paz a bordo. Nem mesmo um pedido de silêncio pelo
serviço de som. Ele é a autoridade dentro do avião, mas não a exerceu. A viagem
transcorreu em clima de comício, e, em meio a refrões, pousamos no Santos
Dumont. A Avianca não me deu - nem aos demais passageiros - qualquer explicação
sobre a inusitada leniência e flagrante desrespeito às regras de segurança em
voo. Alguns dos delegados do PT estavam bem exaltados. Quando me levantei, um
deles, no corredor, me apontou o dedo xingando em altos brados. Passei entre
eles no saguão do aeroporto debaixo de coro ofensivo.
Não acho que o PT é
isso, mas repito que os protagonistas desse ataque de ódio eram profissionais
do partido. Lula citou, mais de uma vez, meu nome em comícios ou reuniões
partidárias. Como fez nesse último fim de semana. É um erro. Não devo ser alvo
do partido, nem do seu líder. Sou apenas uma jornalista e continuarei fazendo
meu trabalho.
O outro lado
Após os relatos e a
repercussão do ocorrido, o Partido dos Trabalhadores emitiu nota, assinada pela
senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente da legenda, na qual afirma orientar a
militância “a não realizar manifestações políticas em locais impróprios e a não
agredir qualquer pessoa por suas posições políticas, ideológicas ou por
qualquer outro motivo”.
Leia íntegra da nota
emitida pelo PT:
“O Partido dos
Trabalhadores lamenta o constrangimento sofrido pela jornalista Miriam Leitão
no voo entre Brasília e o Rio de Janeiro no último dia 3 de junho, conforme
relatado por ela em sua coluna de hoje. Orientamos nossa militância a não
realizar manifestações políticas em locais impróprios e a não agredir qualquer
pessoa por suas posições políticas, ideológicas ou por qualquer outro motivo,
como confundi-las com empresas para as quais trabalhem.
Entendemos que esse
comportamento não agrega nada ao debate democrático. Destacamos ainda que
muitos integrantes do Partido dos Trabalhadores, inclusive esta senadora, já
foram vítimas de semelhante agressão dentro de aviões, aeroportos e em outros
locais públicos.
Não podemos,
entretanto, deixar de ressaltar que a Rede Globo, empresa para a qual trabalha
a jornalista Miriam Leitão, é, em grande medida, responsável pelo clima de
radicalização e até de ódio por que passa o Brasil, e em nada tem contribuído
para amenizar esse clima do qual é partícipe. O PT não fará com a Globo o que a
Globo faz com o PT.
Senadora Gleisi
Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores”
Repudio!
O Blog do Marçal solidariza-se com a
jornalista e repudia os ataques covardes e desnecessários por parte de uma
corja formada por simpatizantes e membros de um pseudo partido de quadrilheiros que saquearam este país.
Um comentário:
oa trabalhadores só Brasil se solidarizam aos militantes do PT, uma vez que se comparado ao dano que está repórter faz ao defender uma pauta totalmente Patrona e da DIREITA pauta essa recheada de retrocesso social, previdênciario e trabalhista.. foi café pequeno.
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