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quinta-feira, 9 de junho de 2022

Árbitro analisando árbitro: Modernidade ou falta de ética?


 Federação Paulista de Futebol escala árbitro para analisar árbitro e gera revolta entre analistas

O Curso de Analistas, promovido pela Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF) sempre foi cercado de polêmicas, desde a sua primeira edição em 2021. Os que conseguiram se formar, fizeram estágio supervisionado - como estágio prático - em algumas rodadas das competições da FPF e sem qualquer remuneração.

Apesar do constar que a realização do curso não garante vaga no quadro de analistas da FPF, o edital induz o candidato ao erro de acreditar em uma vaga, inclusive, dizendo que os participantes poderão integrar o quadro de prestadores de serviços da entidade, porém no momento da inscrição para atuar, exige-se alguns requisitos em que a maioria dos participantes não tem. Nesta hora o agora 'analista' se da conta que de nada valeu todo seu esforço, dedicação e dinheiro gasto com o curso e que seu certificado não passará de um quadro ornamentando parede e sem qualquer valor.

Ou seja, descobrem que, além do tempo perdido, perderam também R$1.300,00 reais para obter um diploma sem qualquer utilidade ou serventia.

Ao todo, o curso gerou algo em torno de 150 mil reais aos cofres da FPF e o edital deste ano já está disponível para quem quiser se qualificar em uma função que, com raríssimas exceções,  dificilmente conseguira trabalhar.

Trechos do edital do Curso de Analistas FPF 2021 - Crédito: Reprodução FPF

Segundo informações, dos cerca de 100 alunos aprovados no curso, não mais que dez estão sendo escalados e muitos deles, são árbitros ou assistente em atividade, que estão analisando seus companheiros de campo. No ponto de vista profissional as funções desempenhadas são incompatíveis e do ponto de vista ético, árbitro em atividade analisar árbitro é no mínimo antiético.

Os relatórios feitos pelos analistas além de atribuir notas e conceitos ao profissional analisado e de fazer comentários sobre pontos positivos e pontos a melhorar, são posteriormente objetos de uma reunião chamada de devolutiva, onde os lances são mostrados aos árbitros daquela categoria, servindo como exemplo para que o eventual erro não volte a ocorrer.

Além do exposto acima, os analistas de verdade, pertencentes a um quadro com esta única função, grupo formado por experientes ex-árbitros que encerraram a carreira no apito a muito tempo e passaram a avaliar os árbitros, estão sendo preteridos ficando fora das escalas que estão sendo ocupadas por árbitros em atividade, em uma concorrência desleal.

O desgaste é grande e a revolta desses profissionais é recorrente. Alguns deles, pedindo anonimato, entraram em contato com o BLOG.

“Absurdo, a FPF está escalando árbitros da ativa como analistas iniciantes. Falta de ética e deixando os verdadeiros de fora, revoltando o pessoal que estão todos puto da vida” – disse um deles.

Atualmente a maior revolta do meio envolve o assistente Daniel Luís Marques que, obviamente será usado como exemplo, mas não tem qualquer culpa se a comissão o utiliza nas duas funções, pois esta apto para as duas e cumpre as escalas, alias, como qualquer um, inclusive quem reclama, certamente também faria.  

Daniel que tem 41 anos (06/11/1981), desses, 23 como árbitro, vem sendo escalado seguidamente em uma função ou na outra, sendo dentro de campo como assistente e fora do campo como analista. Este ano atuou em cinco partidas da base como analista e em 18 partidas como assistente nas Séries A1, A2 e A3.

Crédito: Reprodução FPF

O que eles disseram

O BLOG falou com Ana Paula Oliveira, presidente da Comissão de Arbitragem da FPF.

Segundo a dirigente, todos os árbitros/analistas estão analisando só na base, competições que eles não atuam dentro de campo. Além disso, todos fizeram e foram aprovados no curso de analista 2021 e a CEAF vem trabalhando para melhorar a qualidade de entrega dos analistas atuais.

Ana falou também sobre a necessidade de ampliar o quadro de analistas com qualidade e a melhor forma é investir em estágios monitorados como a CEAF vem fazendo e que também faz parte do processo de transição de carreira.

Sobre as reclamações dos analistas ela não ve problema e que gosta deste desconforto.

“Sinceramente gosto desse desconforto dos analistas, muitos não estavam valorizando as oportunidades. Agora estamos formando mais e com mais qualidade – disse Ana Paula que encerrou falando no aproveitamento da experiência.

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