A
urgente e necessária aposta para salvação da comissão de arbitragem da CBF
Crédito: Rodrigo Ferreira/CBF
O texto abaixo deste post
é longo, pois disseca as qualidades dos jovens árbitros vistos como promessas
que estão recebendo oportunidades na arbitragem brasileira e o bom é que se o
print é eterno, este texto poderá ser revisto daqui algum tempo para comparações
e até mesmo acertos e erros de previsões sobre eles. Então, boa leitura!
Quem acompanha o trabalho
deste blogueiro sabe das críticas quanto a gestão da arbitragem brasileira, mas
não posso ser injusto ao ponto de negar e não reconhecer quando há um avanço em
curso.
A renovação promovida pela Comissão de
Arbitragem da CBF, comandada por Wilson Luiz Seneme, merece destaque, pois
reflete o esgotamento técnico, físico e mental da antiga geração de árbitros.
Essa geração cumpriu seu papel, mas apenas a introdução da tecnologia na
arbitragem permitiu prolongar sua atuação. As medidas de aumento da faixa
etária implementadas em administrações anteriores foram um primeiro sinal de
mudança. A transferência de árbitros experientes para as salas de vídeo na sede
da CBF ajudou a corrigir decisões de campo e a evitar erros graves que poderiam
prejudicar as equipes.
Apesar do tempo e dos
inúmeros cursos promovidos pela administração “Senemiana”, o desempenho em
campo não melhorou conforme esperado. Essa administração, semelhante aos tempos
de comando militar, escolheu coadjuvantes e seminaristas para a comissão, pessoas
cumpridoras de ordens e que não ousam desafiar, opinar ou conversar com
qualquer pessoa fora da entidade.
A renovação é uma
tentativa de restaurar a credibilidade dos árbitros, que foi prejudicada por
acusações sem comprovação científica ou técnica feitas por um dirigente de
futebol. A arbitragem brasileira e sul-americana, especialmente em eventos como
a Copa América, necessita de renovação tanto no campo, na instrução quanto nos
gabinetes.
São Paulo foi o pioneiro
ao trazer o argentino Patricio Loustau para renovar a arbitragem estadual que
não forma um grande árbitro desde Raphael Claus formado no início deste século.
Acredito e ela não tem outra saida que o próximo passo da CBF será contratar um
gestor internacional para modernizar a arbitragem brasileira.
Antigamente, os árbitros
iam ganhando espaço com atuações nas séries D, C, B até chegar na A. Porém a
urgência necessária, mas sem muitas explicações, inverteu este processo. Isto
ocorreu com vários árbitros que sem qualquer experiências e jogos no currículo
foram jogados na arena com os leões. Muitos deles foram devorados pelo sistema,
outros estão tentando curar as feridas que ainda sagram e teimam não
cicatrizar, mas felizmente alguns, que nasceram com o dom divino de arbitrar,
estão aproveitando as oportunidades matando um leão por vez.
O Seneme dizia que tudo
seria inédito e isto vem acontecendo realmente, inclusive as promoções para a
FIFA tem ocorrida dentro do critério geopolítico, a exemplo de dois assistentes
e um árbitro de vídeo – coincidentemente do estado do presidente da CBF - que
chegaram na frente de muitos outros com maior número de partidas.
As diretrizes que eram
públicas e podiam ser consultadas por qualquer internauta no site da CBF até
2022 foram retiradas do ar e até hoje, quase três anos depois, não voltaram.
Uma delas dizia respeito a promoção do árbitro internacional (FIFA) que só podia
ser indicado se tivesse atuado em pelo menos 20 partidas na Série A e até que
se prove em contrário, isto já não existe mais.
Para atuar na Série A,
algumas exigências foram alteradas, porém não se pode afirmar que houve
descumprimento se as regras fossem claras, mas a escuridão voltou a arbitragem
brasileira.
Os dados abaixo, até a
rodada deste fim de semana, das jovens promessas da arbitragem foram capturados
do site oficial da CBF, exceto as diretrizes que completam mais de dois anos
retiradas do ar.
# Alex Stefano, 36 anos
(23/05/1988) atuou na primeira final do Carioca 2024 (Flamengo x Nova
Iguaçu), sendo uma das promessas da gestão de José Carlos Santiago. Antes de
atuar na maior competição do Brasil ele só tinha atuado em 1 partida da Série C
e duas da Série D.
Alex Gomes Stefano - Crédito: Cesar Greco/Palmeiras
Atuou até agora em 18
partidas de profissionais pela CBF. Destas, seis pela Série A.
Após fazer partidas na
Série A, o carioca foi ganhar experiência na Série B.
Alex Gomes Stefano - Rio de Janeiro/RJ
N Competições/Jogos
1 Série A: 6
2 Série B: 4
3 Série C: 1
4 Série D: 6
5 Profissional: 1
6 Sub-20: 6
7 SUB17: 4
8 Aspirantes: 2
9 A1: 2
10 Sub-16 Feminino: 1
11 Sub-14 Feminino: 3
Total: 36 jogos.
# Bruno Vasconcelos, 35 anos (19/12/1989), mais um da Bahia, de
Ednaldo Rodrigues, sendo aproveitado. O jovem Bruno Pereira Vasconcelos, que foi promovido com apenas duas atuações na Série B, em
2023, é de Madre de Deus – Município baiano da grande Salvador que é uma
fábrica de árbitros -.
Bruno Pereira Vasconcelos - Credito: FBF/Arquivo pessoal
Se demonstrar as qualidades esperadas pela comissão
nacional de arbitragem não haverá nenhum problema, pois o importante é que a
esperança se torne realidade. Na rodada deste fim de semana, a 15ª, fará sua
quinta exibição, na partida São Paulo x Bragantino, sendo que a última foi no
mesmo estádio, na partida São Paulo x Criciúma, pela 12ª rodada.
Bruno Pereira Vasconcelos - Madre de Deus/BA
N Competições/Jogos
1 Série A: 5
2 Série B: 5
3 Série C: 4
4 Série D: 5
5 Profissional: 6
6 Eliminatórias: 1
7 Aspirantes: 1
8 Sub-20: 1
9 SUB17: 2
10 A2: 1
Total: 31 jogos.
# Bruno Mota, de 34 anos (01/11/1989) é o segundo carioca que
busca seu lugar na Série A. O sósia do Mbappé fará a sua 10ª partida na
Série A e pelo tempo da escala anterior, em 17 de abril, na partida Fortaleza
1x1 Cruzeiro, pela 2ª rodada, o petropolitano não foi bem avaliado, deu uns passos atrás e, nesta época fria e sombria, esteve
visitando a geladeira Senemiana. Perdeu vidas e mais um erro pode ser fatal.
Bruno Mota - Crédito: Gil Gomes/AGIF
No Carioca, uma partida
polêmica no empate em 0 a 0 entre Fluminense e Vasco, quando teve dados
pessoais – numero telefone e endereço - vazados, sofreu ameaças e fez um
registro de ocorrência na delegacia (mais detalhes).
Bruno Mota Correia - Petrópolis/RJ
N Competições/Jogos
1 Série A: 5
2 Série B: 5
3 Série C: 4
4 Série D: 5
5 Profissional: 6
6 Eliminatórias: 1
7 Aspirantes: 1
8 Sub-20: 1
9 SUB17: 2
10 A2: 1
Total: 31 jogos.
# Davi Lacerda, de 28 anos
(06/12/1995), reside em Serra, no Espírito Santo, também é uma das novidades.
Este já atuou nas Séries B, C e D antes de atuar na principal divisão e já
entra em sua 8ª participação, o que é um indicativo que seu companheiro Dyorgines
Andrade Padovani perdeu espaço por ainda não ter alcançado as características passadas
pelo Imperador do Apito.
Davi de Oliveira Lacerda - Crédito Cesar Greco/Palmeiras
O Lacerda vai atuar na
partida entre Fortaleza x Fluminense, cujo novo treinador é dado a reclamações
fortes contra os jovens árbitros. Que ele se antecipe. Interessante que a
comissão tem por hábito repetir árbitros em partidas de uma mesma equipe, como
foram no dia 30 de junho (Atlético Mineiro 1x1 Atlético Goianiense) e no dia 3
de julho (Bragantino 3x1 Atlético Goianiense). Esta repetição é algo a ser
estudado, pois não é algo corriqueiro no apito.
Davi de Oliveira Lacerda - Serra/ES
N Competições/Jogos
1 Série A: 8
2 Série B: 6
3 Série C: 5
4 Série D: 10
5 Profissional: 5
6 Sub-20: 1
Total; 35 jogos.
# Gustavo Baurmenn tem 29
anos (14/11/1995), mora em Francisco Beltrão, no Paraná, mas atua no Catarinense. Ele é
mais um das revelações do Marco Antônio Martins, cujo trabalho rendeu dois
árbitros nativos internacionais Bráulio Machado e Ramon Abatti Abel, este lançado por
Leonardo Gaciba e Alicio Pena Junior em 2021. Ramon já foi para um mundial das
categorias de base da FIFA e está pré-selecionado para o Mundial de Seleções,
quando deverá, pelo que tudo indica, estar presente com Raphael Claus (segunda
copa) e Wilton Sampaio (terceira copa).
Gustavo Ervino Bauermann - Crédito: Donaldo Hadlich
Já Bráulio, o que se acha estrela e grande nome da arbitragem catarinense, a tendência é estagnar na carreira e ir perdendo espaço pouco a pouco. Suas ultimas atuações tem dado calafrios e deixado a comissão de cabelo em pé! Mas felizmente o jovem Baurmenn tem talento e dom para arbitrar e o 'estrela' deve ficar em segundo plano voltando para categoria de coadjuvante, que ele nunca deveria ter saído.
Gustavo atuou
nas Séries B, C e D nos anos anteriores, portanto não se pode dizer que ele
queimou etapas. Árbitro inteligente, enérgico, com excelente preparação física
graças ao excelente trabalho feito no futebol catarinense que se espera seja
mantido, haja vista o legado do saudoso Marco Martins que nos deixou em 17 de
fevereiro de 2024, de maneira precoce.
Gustavo Ervino Bauermann - Francisco Beltrão/PR
N Competições /Jogos
1 Série A: 6
2 Série B: 5
3 Série C: 4
4 Série D: 8
5 Profissional: 2
6 SUB17: 1
Total: 26
# Jonathan Benkenstein, de
38 anos (17/04/1986) já é veterano, mas somente agora vem tendo oportunidades
com a comissão formada pelo IA (não é inteligência artificial, mas Imperador do
Apito) Wilson Seneme. Como Gustavo Ervino ele passou pelas Séries D, C e B para
chegar a A. No campeonato gaúcho não se via atuações na dupla Gre-Nal, mas aos
poucos vai se firmando.
Jonathan Benkenstein Pinheiro - Credito: Porthus Junior/Agencia RBS
A idade avançada não lhe possibilitará chegar a FIFA,
mas poderá completar as escalas como fazia seu companheiro Jean Pierre que, em
breve, fará um ano de afastamento dos gramados, após deixar de marcar um penal
e expulsar um zagueiro do Athlético Paranaense sobre a joia Endrick do
Palmeiras.
Jonathan Benkenstein
Pinheiro - Novo Hamburgo/RS
N Competições/Jogos
1 Série A: 7
2 Série B: 10
3 Série C: 3
4 Série D: 3
5 Profissional: 3
6 Sub-20: 8
7 SUB17: 1
8 Aspirantes: 2
9 A1: 2
Total: 39 jogos.
# João Gobi, 28 anos
(21/11/1995), do interior de São Paulo, foi lançado rapidamente na Série A na
temporada passada, numa forma de tapar o buraco da falta de renovação da
arbitragem. Como saiu na frente, se apressou e acabou sofrendo críticas em
algumas atuações, com a Comissão Nacional o deixando de lado e dando
oportunidades a um mais jovem, Matheus Candançam que, pelos números de jogos
até o momento, com certeza irá para o quadro da FIFA.
João Vitor Gobi - Crédito: Rafael Vieira/AGIF
A baixa idade dos
paulistas e outros acima mencionados acabam trazendo esperança de que tendo
apoio, respeito e paciência os que tiverem talento irão se sobressair e assim
termos melhores arbitragens.
João Vitor Gobi - Cajobi/SP
N Competições/Jogos
1 Série A: 10
2 Série B: 10
3 Série C: 1
4 Série D: 6
5 Profissional: 4
6 Aspirantes: 2
7 SUB17: 2
8 Sub-20: 13
9 Sub-17: 2
10 A1: 3
11 A3: 1
Total: 54 jogos.
# Mateus Candançan, 26
anos (06/06/1998), é de Barueri, na grande São Paulo e pelos dados da CBF,
também é engenheiro. Matheus era a grande aposta de Ana Paula Oliveira quando
esta dirigia a arbitragem paulista. Filho de árbitro, apita desde criança na várzea
paulista.
Matheus Delgado Candançan - Crédito: Cesar Greco
É desengonçado, lento, corre com freio de mão puxado e parece
um caminhão com pino de eixo quebrado, mas é um tocador de jogo, nunca nota 10,
nunca nota 5 e seus jogos costumam não dar grandes problemas. Ele vem tendo atuações discretas, o que é um bom sinal, pois o
árbitro que aparece demais acaba tendo uma vida mais curta. O número de jogos
nas séries A e B são indicativos da confiança da comissão nacional. Não passou
pelas Séries C e D como deveria, mas como disse anteriormente, o talento não
pode esperar pelas oportunidades e se tiver talento, que seja promovido.
Matheus Delgado Candançan Barueri/SP
N Competições/Jogos
1 Série A: 27
2 Série B: 17
3 Série C: 2
4 Série D: 2
6 Profissional: 4
7 Sub-20: 10
9 Aspirantes: 1
9 SUB17: 3
10 Sub-17: 1
11 A1: 1
Total: 68 jogos.
# André Luiz Bento, 30 anos
(16/04/1994), de Sabará/MG, que se ingressou na arbitragem para jogar
campeonato de futebol dos árbitros. Mistura de esperança e decepção, é ate aqui, sem dúvidas a grande ausência e talvez o
mais ferido pelos leões, que no caso são seus leõezinhos interno da enorme
arrogância que carrega dentro de si. André Luiz Skettino Policaro Bento tinha
atuado em apenas treze jogos de profissionais da CBF, sendo quatro da Série B
antes da estreia na Série A, na partida Corinthians 1x1 Cuiabá na temporada
passada. Depois engatou mais quatorze jogos até o final da temporada passada.
André Luiz Skettino Policaro Bento - Crédito:
Se terminou 2023 em alta e com grandes sonhos, 2024 tem sido tremenda ducha de agua fria. Teve uma partida
desastrosa na derrota do Atlético Goianiense para o Flamengo por 2 a 1 na
primeira rodada do brasileirão deste ano. Foi alvo de críticas de todos os lados,
principalmente das equipes e foi afastado para reciclagem. Desde então integra a geladeira SENEMIANA.
Precisa ter mais inteligência e menos ímpeto caso queira sair do fundo do poço. É novo, tem talento, mas
precisa calçar a sandália da humildade e controlar o ego para reconquistar a
confiança e o espaço perdido.
André Luiz Skettino Policaro Bento - Sabará/MG
N Competições /Jogos
1 Série A: 12
2 Série B: 19
3 Série C: 4
4 Série D: 5
5 Profissional: 2
6 Sub-20: 3
7 SUB17: 2
8 A1: 1
Total: 48 jogos.
Encerro desejando que
cada um deles possa se firmar na elite e chegar nos principais jogos do futebol
brasileiro. Cobro bastante e sou critico por entender que quem está na elite
tem que mostrar resultados e ser cobrado caso isso não ocorra, mas não torço
contra nenhum árbitro de futebol, mesmo porque sei que eles não têm apoio de
ninguém e sabem desde sempre que os erros serão fatais, pois a geladeira
chamada ‘PADA SENEMIANA’ as vezes demora mais para uns que outros como tem
ocorrido com vários árbitros de futebol.